“Nos poemas online, bem como nos poemas impressos deste Meu olhar ácido e lisérgico, transparece, mais do que nos Terceiros, sua dicção esquizofrênica. São poemas literalmente marginais, pois a doença (que o levaria ao suicídio) o pôs à margem da sociedade e, por conseguinte, à margem do convívio social e à margem do amor.
Aposentado na década de 80 por invalidez e incapacitado como ser social, o que sobrou de Tércio foi o ser poeta. A poesia se tornará então, para ele, mas que uma razão para viver, um meio de dar sentido e expressão à sua vida e à sua doença.” - trecho da orelha, por Reinaldo Santos Neves.
Versos inacabados, poemas (e)ternos. Sabe quando o ponto não expressa sua função e você, ao terminar a leitura do texto, fica com o sussurro silencioso apenas e nada mais? Pois foi exatamente assim que me senti depois de cada verso, de cada poema de Tércio.
Ele dialoga com a solidão e o silêncio, seus poemas me passaram um sentimento do interminável, mas também do banal. Do palpável. No humano. Algo dual que parte de seu olhar ácido ao lisérgico de suas palavras.
De dentro de todo este silêncio partem reflexões sobre o ser, o amor, a poesia. Quase sempre com um tom confessional, Tércio escreve pelas lacunas, mostrando o tudo e o nada ao mesmo tempo. Só nos basta enxergar através de seu olhar-poético.
Senti, na leitura deste livro póstumo, e de seus poemas órfãos, um lúgubre desejo de deixar ser, de estar.
Tércio Ribeiro se acumula em mim reticente: um poeta estrangeiro de alma, mas capixaba de corpo.
Entre um capítulo e outro há também alguns manuscritos do autor e desenhos que dão um charme à edição bem elaborada da editora.
Serei sempre grato a professora e amiga querida Inês S. Neves por ter me apresentado o poeta: obrigado!
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