E se eu fosse put@ de Amara Moira (Editora Hoo, 2018)
“Hoje já nem sei mais se me prostituo pra escrever ou se escrevo pra me prostituir, essa é a verdade.” - Pág. 107
‘E se eu fosse put@‘ é a biografia da travesti escritora Amara Moira, nascida em seu blog e transformado em livro físico em 2016 que ganhou essa edição revisada e atualizada pela Hoo editora (2018).
“[…] escrever sobre a rua ao mesmo tempo que a vivo, essa agora tão minha[…] Essa onde eu era livre.” - Pág. 34
Seus textos são repletos de chamadas engraçadas, o que acaba tornando leve os duros relatos de uma vida nas calçadas da noite fria de São Paulo.
“O “NÃO É NÃO” das feministas precisa urgente ganhar a zona, empoderar prostitutas. Os clientes parece que jamais ouviram nada a respeito.” - Pág. 105
A narradora-personagem troca uma ideia sincera com o leitor, Amara e seus causos íntimos se aproxima de quem a lê, tornando uma leitura fluida e gostosa, muitas vezes com um final cômico.
“[…]homens mortos não estupr@m[…]” - Pág. 103
Uma política de controle de todo e qualquer corpo ‘feminino’ além da criminalização do trabalho prestado por essas mulheres e a desvalorização dos seus serviços são temas retratados de forma corriqueira no livro.
“Vejo trabalhadores recém-saídos das fábricas, das construções, virem requisitar meus serviços por vinte, trinta reais, antes de voltar pra casa, pra família, eu sendo a recompensa pelo dia extenuante[…]” - Pág. 124
Um dos meus capítulos favoritos é o ‘ah, se não houvesse riscos!’ onde a escritora fala sobre o estigma da profissão, tecendo críticas ao fundamentalismo e as feministas radicais no campo da política brasileira na luta contra os direitos das profissionais do sexo.
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