"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

sábado, 3 de fevereiro de 2024

🏳️‍⚧️ “e se eu fosse…” [RESENHA] 🏳️‍⚧️

 

E se eu fosse put@ de Amara Moira (Editora Hoo, 2018)



“Hoje já nem sei mais se me prostituo pra escrever ou se escrevo pra me prostituir, essa é a verdade.” - Pág. 107

‘E se eu fosse put@‘ é a biografia da travesti escritora Amara Moira, nascida em seu blog e transformado em livro físico em 2016 que ganhou essa edição revisada e atualizada pela Hoo editora (2018).

“[…] escrever sobre a rua ao mesmo tempo que a vivo, essa agora tão minha[…] Essa onde eu era livre.” - Pág. 34

Seus textos são repletos de chamadas engraçadas, o que acaba tornando leve os duros relatos de uma vida nas calçadas da noite fria de São Paulo.

“O “NÃO É NÃO” das feministas precisa urgente ganhar a zona, empoderar prostitutas. Os clientes parece que jamais ouviram nada a respeito.” - Pág. 105

A narradora-personagem troca uma ideia sincera com o leitor, Amara e seus causos íntimos se aproxima de quem a lê, tornando uma leitura fluida e gostosa, muitas vezes com um final cômico.

“[…]homens mortos não estupr@m[…]” - Pág. 103

Uma política de controle de todo e qualquer corpo ‘feminino’ além da criminalização do trabalho prestado por essas mulheres e a desvalorização dos seus serviços são temas retratados de forma corriqueira no livro.

“Vejo trabalhadores recém-saídos das fábricas, das construções, virem requisitar meus serviços por vinte, trinta reais, antes de voltar pra casa, pra família, eu sendo a recompensa pelo dia extenuante[…]” - Pág. 124

Um dos meus capítulos favoritos é o ‘ah, se não houvesse riscos!’ onde a escritora fala sobre o estigma da profissão, tecendo críticas ao fundamentalismo e as feministas radicais no campo da política brasileira na luta contra os direitos das profissionais do sexo.

“Por um mundo onde não seja preciso coragem nem desconstrução para amar uma travesti.” - Pág. 178

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