💙📝 “Porque a revolução é uma pátria e uma família.” - Pág 256
“Em 1937, em frente à escola de aprendizes de marinheiros, em Salvador, foram incinerados (...) os livros apreendidos e julgados como simpatizantes do credo comunista, a saber: 808 exemplares de Capitães da Areia” - (Reportagem do estado da Bahia, página 3, em 17 de dezembro de 1937)
Por que será que um livro de tamanha importância na história da Bahia e do Brasil mereça esse fim trágico nas fogueiras do estado, indago eu. Talvez pelas denúncias do trabalho infantil e do aliciamento de menores, da indução dos garotos à práticas como assaltos, assassinato, estupro, o retrato da baía de Jorge Amado pelos olhos e corpos dos capitães da areia.
💙📝 “Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, o seus poetas.” -Pág 21
O livro narra as aventuras dos meninos e meninas abandonados, o descaso com a comunidade infantil criado pelas mazelas da pobreza e desigualdade, crianças que se viram como podem para arranjarem o que comer, o que vestir.
💙📝 “E eles esqueceram que não eram iguais às demais crianças, esqueceram que não tinham lar, nem pai, nem mãe, que viviam de furto como homens, que eram temidos na cidade como ladrões.” - Pág 73
“ Um cruzeiro com turistas de todo canto do país para em várias capitais, sendo uma delas Salvador. O guia logo os avisa para que levem pouco dinheiro e nada de valor. Um casal de amigos meus sobre o pelourinho para uma foto, quando são abordados por dois ‘moleques’. Segundo relato da própria assaltada: eles estavam com duas faquinhas e não tinham mais que 12 anos.”
Esse relato poderia muito bem fazer parte do livro de Jorge Amado de 1937 senão se passasse em 2000. Fato que ocorreu com uma amiga e que me fez enxergar o abismo social em que a Bahia da ficção ainda se encontrava.
💙📝 “Vão alegres. Levam navalhas e punhais nas calças. Mas só os sacarão se os outros puxarem. Porque os meninos abandonados também têm uma lei e uma moral, um sentido de dignidade humana.” - Pág 184
No livro vemos também uma forte influência religiosa, com os personagens José Pedro (padre que muitas vezes vai contra os ensinamentos da igreja para ajudar os garotos) e a mãe-de-santo Don-Aninha, figura pertinente na trama de Jorge Amado e na vida dos capitães.
💙📝 “Não se vive inutilmente uma infância entre os capitães da areia.” - Pág 218
Nem do livro. É uma imersão numa Bahia com grandes disparidades sociais econômicas, mãe de todos os garotos-homens. Uma Bahia mágica e muito realista, digna da censura do governo brasileiro e, sem dúvida, meu exemplar mais marcado.
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