‘Neca’ é um universo a parte dentro do livro de Amara Moira.
É o primeiro texto que antecede a coleção de poemas, com uma narrativa fluida, em forma de monólogo onde a narradora nos apresenta um pouco do que vem a seguir.
Um texto seco, cruel e auto explicativo do que se passa numa noite em um corpo-travesti, quase uma síntese da [sobre] vivência desses corpos tão marginalizados.
Em uma prosa potente, forte, Amara nos empurra goela abaixo - e em poucas páginas - as gírias, a língua e a vida das pessoas trans, em sua maioria trabalhadoras do sexo, tentando uma mínima subsistência.
‘Neca’, esse primeiro escrito é sobretudo uma forma de marcar na história as desigualdades de uma ‘minoria’ e o poder da héteronormatividade sobre alguns corpos, escancarando ainda mais a hierarquia dos gêneros, mostrando também uma arma infalível contra a ignorância e a maldade humana: a palavra.
É uma aula do abismo entre a linguagem formal e acadêmica e o dialeto-vivo e patrimônio linguístico (Enem, 2018) o pajubá das travestis.
Já os poemetos travessos é formado de uma coleção de 20 poemas, alguns inéditos, curtos e bem diretos: versos do que já fora dito no texto em prosa, na primeira parte do livro.
É a conclusão Redondinha da vida da travesti expandido-se neste livro tão potente e representativo.
💙Sobre o #SêPoesia:
A Thay Fracarolli, do @galeoteca, e eu resolvemos nos juntar para um desafio ao qual nomeamos #sêpoesia , onde falaremos sobre poetas nacionais maravilhosos e obras riquíssimas ao longo do ano.
Eu com ‘Neca + 20 poemetos travessos’ de Amara Moira e a Thay com ‘Almas’ do Alan Silva.
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