“É o cafetão que restou no epílogo da minha participação na cena.” - Pág. 17
No romance vencedor do Prêmio Sesc de Literatura de 2020 acompanhamos a vida de Cristiano, ex-jornalista e ex-poeta, que se dedica atualmente a seu fim de carreira como pugilista.
“Mas, perceba, uma coisa aproxima boxeadores de escritores. Ambos caminham nas sutilezas das bordas do abismo. Ambos flertam com a queda e só se tornam legítimos ao dispensar a rede de segurança.” - Pág. 27
O livro, apesar de curto, é bastante denso, cheio de referências literárias; com críticas diretas ao capitalismo, a pobreza , aos crimes ambientais, ao governo e ao próprio mercado literário. É o tipo de literatura que eu gosto: aquela que incomoda, que tira o leitor da sua zona de conforto.
“[...] os moradores de rua que em meio à lama mais absoluta conseguem dividir restos de comida com cães vira-lata[…] Para o horror da classe média furiosa, cenas cada vez mais democratizadas em toda a área urbana.
— Nada mais está dentro ou fora[…] Tudo é dentro. Estamos todos dentro da jaula.” - Pág. 40
Com um texto fluido, quase uma prosa poética, e um narrador inteligente, Caê Guimarães nos entrega logo de cara uma decisão muito difícil quanto o Protagonismo e/ou antagonismo da personagem principal: um boxeador que ganha vida vendendo os resultados de suas lutas.
“A natureza do caçador está sempre ao lado do caçado. Ao menos quando não é você na savana espreitando a presa.” - Pág. 88
O livro, com sua narrativa no estilo confessional, parece uma parábola da vida; com suas lutas diárias, seus altos e baixos, jogos amorosos, tombos. Uma reflexão sobre a pequenez do homem no mundo.
“Somos os prisioneiros de uma vaga ideia de liberdade.” - Pág. 66
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