"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

quarta-feira, 15 de março de 2023

Azul da Prússia (RESENHA)

 

Azul da Prússia, Olivia Avelar (Editora Folheando, 2023)



Um tom de azul que descreve sobre a beleza da passagem do tempo. Entre poesias rimadas ou não, uma prosa poética certeira e lívida, Olivia nos convida a navegar nas incertezas que compõem a vida.

“Palavras escondidas se desfaçam de silêncios.” - Pág. 17

‘Azul da Prússia’ é um livro franco na suas indelicadezas, daquelas que “mordem e assopram”, nos assustando mas também nos levando às intenções dos dias na ponta de cada lufada do tempo. O livro é dividido em três partes (MMXVI, MMXVII, MMXVIII) e com poemas inominados.

“A fumaça que sobe é feita de saudade poluída ou de sonhos frágeis destruídos pela vida?” - Pág. 31

A obra é uma prosa de esquina, conversa longeva da palavra com o passado, presente e vislumbres de um possível futuro. Ou ainda, como a própria autora diz em um de seus versos, é “um mar eterno”. (Pág. 23)

É um diálogo breve e íntimo, que busca a profundeza dos sentimentos, ‘Azul da Prússia’ é uma rota marítima para aquelas leitoras e leitores sem receio do risco.

“A maré alta intensa vida. Saudade é memória líquida. O que um dia sentimos nunca termina.” - Pág. 37

Olivia Avelar escreve sobretudo sobre as marcas que ficam quando passamos pela areia da praia - vida -, deixando pegadas que serão lavadas pelas horas, mas jamais pelo tempo. É uma escrita das impossibilidades e de permanecer momentos no toque da memória.

“Somos feitos de tudo que deixamos.” - Pág. 39

Por fim o livro trata das dores, da morte, de aceitar-se e aceitar que as cicatrizes são belas quando nos entregamos ao detalhe de cada traço em nossa pele.

“[…] o frio é domínio dos mortos, a nós cabem os amores.” - Pág. 51

PS. Tempestades sepultam versos desavisados.

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