"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

sábado, 5 de agosto de 2023

LIVROS CENSURADOS NA DITADURA e no governo Bolsonaro (1968-1978/2020)

 




“Uma das primeiras providências da maioria dos regimes autoritários é censurar a liberdade de expressão e opinião, uma forma de dominação pela coerção, limitação ou eliminação das vozes discordantes”, observa Sandra Reimão.

Sandra que é professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA), ambas da USP.

Desde 2008, Sandra Reimão vem se dedicando à análise da ação da censura a livros de 1964 a 1985. Pesquisa que já resultou em vários artigos e, em especial, no livro Repressão e Resistência – Censura a Livros na Ditadura Militar, publicado pela Editora da USP (Edusp).

Foram mais de 450 livros censurados no país entre 1968 e 78, tendo como consequência a prisão de alguns escritores e editores.

Nem tão recentemente assim, em 2020, pipocou nas redes uma polêmica da Secretaria de Educação de Rondônia com uma lista de livros que deveriam ser recolhidos das escolas por serem classificados como “conteúdos inadequados” a crianças e adolescentes.

A lista com 43 livros reúne obras de alguns dos principais autores brasileiros como Machado de Assis, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Mário de Andrade e Rubem Fonseca.
Alguns dos títulos censurados foram: memórias póstumas de Brás Cubas, Macunaíma e A vida como ela é.




Acontecimentos históricos: envolvendo o livro e a censura no Brasil e na América-latina

1937

Jorge Amado na fogueira

Em Salvador, Bahia, as autoridades do Estado Novo, ditadura comandada por Getúlio Vargas, queimam em uma fogueira 1,8 mil livros supostamente simpatizantes do comunismo. A maioria era assinada por Jorge Amado, incluindo 808 exemplares de seu recém-lançado Capitães da areia.



1986

Um Nobel em chamas

Durante a ditadura de Pinochet, no Chile, 15 mil exemplares do livro A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile, de Gabriel García Márquez, são queimados após serem confiscados no porto de Valparaíso. Os livros apreendidos deveriam ser entregues à editora chilena que publicava as obras de García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura em 1982. A reportagem literária conta as complicações do cineasta Miguel Littín, que estava exilado desde o golpe de 1973.



2019

Beijo gay na Bienal

Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, então prefeito da cidade, manda fiscais da prefeitura recolherem a HQ Vingadores: a cruzada das crianças, que traz na capa dois homens se beijando. O prefeito anuncia que censuraria o livro, mas o STF derruba a medida que autorizava a prefeitura carioca a censurar obras no evento.




A pergunta que fica após todos estes anos de censura escrachadas por parte dos desgovernos conservadores e ditatoriais é: se a literatura é tão inofensiva quanto muitos pensam, porque a mesma é constantemente atacada?

O mais importante: o ato de ler é político!

Vamos ler mais e, acima de tudo, proporcionar o acesso.
 
Até breve!




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