Clarice é a escritora da (re) releitura.
O muito pouco que li de seus textos diz, mais precisamente com enfoque em A hora da Estrela, mais dela que de seus personagens.
“ Enquanto eu tiver pergunta é não houver resposta continuarei a escrever. ” - Pág 11
O que mais me encanta em sua escrita são como as palavras habitam-na e como ela sintetiza e as extrai: criando suas camadas.
“ Era a primeira vez que chorava, não sabia que tinha tanta água nos olhos. ” - Pág 51
Ponto negativo, não sei se posso dizer assim, é que, em alguns trechos o autor (na verdade Clarice Lispector) coloca a personagem principal Macabéa na condição de mulher ‘fraca’. Clarice, ou satiriza com sua própria fraqueza, prefiro assim pensar - saberei nas (re) leituras futuras -, sendo ela ou não machista usando de tais descrições.
“ e até o que escrevo um outro escreveria. Um outro escritor, sim, mas teria que ser homem porque escritora mulher pode lacrimejar piegas. “ - Pág 14
Por fim, acrescente que, o escritor/ narrador conversa com Deus, renega-o, o aceita algumas vezes, já outras tem o seu próprio complexo de sê-lo: tendo em suas mãos os personagens incluindo Macabéa a quem deixa bem claro nutrir um afeto especial. Tem em suas mãos a potência de toda narrativa, ele (o autor)/ ela mesma (Clarice) personificam o deus na história.
“ Eu poderia resolver pelo caminho mais fácil, matar a menina-infante, mas quero o pior: a vida. Os que me lerem, assim, levem um soco no estômago para ver se é bom. A vida é um soco no estômago. “ - Pág 83
Por isso tomei em minha primeira leitura de C. Lispector a primeira opção como título do livro: dou-a total responsabilidade pelas consequências da história e a firmo com todas as letras que a culpa é toda sua.
“ É assim que se escreve? Não, não é acumulando e sim desnudando. Mas tenho medo da nudez, pois ela é a palavra final. “ - Pág 82
Título: A culpa é minha ou A hora da Estrela
Autore: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Páginas: 87
Gênero: Romance/ Novela
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