Sintomas de Renan Peres (Editora Pedregulho, 2020)
‘a cor de sua roupa
a rotatividade das ideias
a sócio-política do país
as coisas todas passam
os sintomas é que ficam’ - Pág 31
Um órfão da tempestade é Renan, vagando com seus apocalípticos versos feito cavaleiro, carregando seu caderno embolorado sob os braços, enunciando velhas profecias.
‘mundo esqueleto sem língua’ - Pág 42
O autor nos mostra que em nosso país os sabiás gorjeiam no mesmo poleiro, criados em suas miúdas gaiolas, à mercê de seus carrascos: a falta súbita e conformada de liberdade. Um canto mudo.
‘ter sempre a chave a poucos metros de distância
ter as asas cortadas à risca’ - Pág 49
Uma poesia que acho muito nova, veio mesmo para desbravar os antiquados lares clássicos, ao som da boa e velha falta de rima. Nosso mundo pede um pouco mais de subversão e isso tem de sobra em ‘sintomas’.
‘estão todos embebidos dos cálices da degradação’ - Pág 51
Renan brinca na ladeira, depois brinda a brincadeira que lhe herdou sintomas. Querido poeta creio que, terei que dar uma passadinha no hospital dos afetados por versos-hematoma.
‘ensinou que, na dor
da perda, nosso amor
dialoga: língua morta’ - Pág 71
Aos que acharam só negatividade vinda destes versos digo que não, também fala-se de amor em algumas das páginas, estas exclusivas à um amor pagão & só. Veja o que delas o autor nos diz:
‘meu amor, é isso, assim:
como o brasil vê as margens,
desejo-conveniência,
ponto de engabelação’ - Pág 76
O poema fragmentado ‘só’ pra mim é uma obra-prima, sendo que, cada parte do mesmo transcreve o autor e seu entorno. Dele separei os seguintes versos:
‘a tristeza urbana era antes mascarada
a cidade em sua rotina agora é triste a todos’
‘no seu mundo jamais serei pedestre
suas ruas me foram interditadas
está proibido nos cruzarmos’ - Págs 92/93 respectivamente.
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