'Classe Média baixa’, A vida é um coliseu, por Henrique Pariz (RESENHA)

Tom é nosso personagem-livro, onde acompanhamos sua trajetória capítulo a capítulo, em seus mais variados sons. “(no tempo irreal, longe da literatura, estamos em 2010; perto da literatura, no tempo real, estamos em 2013), cujos moradores foram proliferando-se até constituir-se em uma favela, nome de pouca autoestima e pouca produção de si, que aos poucos evoluiu para comunidade, essa designação cultural de uma possível refavela, reciclante dos valores e identidades...” (Pág 31)

Wagner nos deu um livro repleto de ruídos. Se você já brincou de travinha, bolinha de gude, soltou pipa, e agora percebeu que a vida não se resume a isto, então este livro é pra você, ele faz crescer as crianças. “...claro que a escola dos campinhos de rua e de quintal também conta para a profissão, a primeira gíria de corpo, a escolha dos parceiros como pré-requisito para entrar no time, a precisão em fazer gol em pequena trave, com medida de cinco pés...” (Pág 34)

O autor solidifica a realidade dos moleques de rua, desnuda a cidade e nos mostra uma nota ‘grave’ da qual não escutamos de nossa casa.
O livro - dividido em ‘Escola de Samba’ e ‘Acadêmicos da Rua Unidos no Mangue Seco’ - falou bastante comigo. Foi da nostalgia a reflexão sócio-étnico-cultural da vida do brasileiro classe média baixa. “Tom, como muitos, que deixam talhado nas mesas das cabines da Biblioteca da Universidade frases de escavação, enfrentando o bruto do conhecimento em suas vidas, marcado em trauma, escolheu destruir, as camadas e desempenhar sua própria função, ou discurso classe média baixa (que no fundo chama-se: conquista do proletariado)” (Pág 74)

É, acima de tudo, uma dura reflexão sobre os reais valores e significados de nós - cada um à sua maneira - na sociedade.
É mais sobre como o ser singular afeta e é afetado pelo coletivo.



Titulo: Classe Média Baixa
Autor: Wagner Silva Gomes
Editora: Pedregulho
Páginas: 94
Gênero: Romance