"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

domingo, 27 de março de 2022

Entrevistando Contemporâneos & Independentes - Matheus Peleteiro

 



Nascido em Salvador – BA em 1995, escritor, advogado, editor e tradutor, Matheus Peleteiro publicou em 2015 o seu primeiro romance, Mundo Cão, pela editora Novo Século. Após, mais seis obras, dentre as quais se destacam a coletânea de contos “Pro Inferno com Isso” (Edição do Autor, 2017); a distopia satírica “O Ditador Honesto” (Edição do Autor, 2018); a coletânea poética intitulada “Nossos Corações Brincam de Telefone sem Fio”, e a tradução do livro “A Alma Dança em Seu Berço” (Editora Penalux, 2018), do premiado autor dinamarquês, Niels Hav, que assinou ao lado do tradutor Edivaldo Ferreira.

Também organizou e editou a coletânea de contos “Soteropolitanos” (Edição do autor, 2020); disponibilizou, de forma gratuita, o conto “O último a sair, por favor, apague a luz e me deixe aqui”, como forma de protesto, em todas as plataformas digitais, e produz o podcast 1Lero, onde realiza entrevistas com expoentes da literatura contemporânea. Instagram: @_matheuspeleteiro



• Como a literatura entrou em sua vida? 

 

Por acidente. Havia sido afastado dela por um sistema educacional que não apresenta obras com verossimilhança aos alunos, mas, enquanto assistia Californication, me peguei atiçado pelas referências trazidas e pela linguagem moderna, coloquial e sofisticada. A seguir, fui ler Bukowski, mergulhei nas suas referências, Celine, Dostoiévski, John Fante, Hemingway, cheguei em Rubem Fonseca e não tive como sair.

 

• Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor? 

 

A leitura de centenas de obras é vital para que o escritor que decide escrever saiba o que não tem valor se for dito de maneira simples, permite a observação de diversos estilos e aguça o senso crítico. Não acredito na possibilidade de alguém que leu poucos livros se tornar um bom escritor.

 

• Consegue viver de literatura? 

 

Não. Nem acredito que seja possível viver de literatura num país que elegeu o atual presidente. Talvez de palestras e cursos, mas, de literatura, não. Também sou advogado.

 

• Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor? 

 

Distribuição e visibilidade. Quando chego, tenho sido muito bem recebido. Meus livros costumam vender bem pela capa, por uma folheada ou pela sinopse. Mas fazer com que tenham esse acesso a ele é o grande problema.

 

• Quais são suas referências literárias? 

 

Muitas… Na poesia, Charles Bukowski, Manoel de Barros, Diego Moraes, Dan Fante, Niels Hav. No conto e no romance, Rubem Fonseca, Bukowski, Camus, John Fante e mais alguns que não lembro agora mas estão presentes.



• Lida bem com as críticas? 

 

Sim. Uma crítica só ofende se você acredita nela. Se acredito nela e sou ofendido, agradeço pela coragem da pessoa. Ninguém mais tem coragem de fazer uma crítica decente. Se discordo, se a pessoa crítica uma característica que eu aprecio, desprezo com respeito, valorizando a coragem de criticar, novamente, rs.

 

• Está trabalhando em algum livro no momento? 

 

Em dois. Tenho alguns originais prontos, um de poesia faltando que eu escreva 1/3 dos poemas e um esboço de novela.

 

• O que seria de sua vida sem as letras? 

 

Eu veria menos a escuridão que existe ao redor. Seria mais insensível aos sentimentos dos outros, me conheceria menos e estaria engasgado com conflitos internos, mas não morreria sem elas.

 

• Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor: 

 

Depois que terminar o primeiro livro, leia muito, espere um ano e o leia de novo. Se estiver satisfeito, publique. Caso contrário, repita esse passo até a convicção. Gostaria que tivessem me ensinado isso em algum momento.





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