"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

segunda-feira, 28 de março de 2022

Mayombe, a protetora dos guerrilheiros, Pepetela por Henrique Pariz (RESENHA)



“Tens de te habituar aos homens e não aos ideais.” - Pág 21

🍃 O livro trata de uma luta da qual o próprio povo se abstém, onde os guerrilheiros mesmo com suas diferenças sabem que a enfrentam por um bem maior: a independência total de seu país. Não se trata de alguns povos específicos, é uma luta para o povo Africano.

“Zeus se vergava à coragem, graças a Prometeu que lhes dá a inteligência e a força de se afirmarem homens em oposição aos deuses. Tal é o atributo do herói, o de levar os homens a desafiarem os deuses.
Assim é Ogun, o Prometeu africano.” - Pág 68

🍃 Mayombe se passa quase que inteiro na floresta, na base, onde seus personagens montam suas estratégias, e em cada capítulo o autor nos apresenta um deles. E assim vai se costurando a história, entre um diálogo e outro (diga-se de passagem: muito ricos), neles os homens do Mayombe falam de suas dores, suas paixões, em muitos deles debatem filosófica e politicamente.

“É como o marxismo. Serve de guia, de inspirador para a ação, mas não te resolve os problemas práticos...” - Pág 92

🍃 Mayombe é um ato revolucionário, mais que um simples livro do autor Pepetela, é nele que o escritor esmiúça as faces da repressão, do ódio e do colonialismo.

“A revolução é feita pelas massas populares, única entidade com capacidade para a dirigir” - Pág 102

🍃 Pepetela, que participou da guerra pela libertação de seu país, narra com precisão de detalhes a trajetória dos combatentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (o MPLA).

🍃 Mayombe, um livro histórico e importante para o mundo, magnífico retrato de uma das mais significativas lutas do povo para sua futura liberdade. Principalmente perante as tropas portuguesas, mas não somente. Mas o combate as diferenças sociais, culturais e políticas para uma Angola unificada é livre.

“Onde eu nasci, havia homens de todas as línguas vivendo em casas comuns e miseráveis da Companhia(...)
O primeiro bando a que pertenci tinha mesmo meninos brancos, e tinha miúdos nascidos de pai umbundo, tchokue, kimbundo, fiote, kuanhama.” - Pág 120

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