"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

sexta-feira, 8 de abril de 2022

“A extinção das abelhas: quando não há mais um enxame” (RESENHA)

 




“As pessoas vão embora.” - Pág. 11

Tudo começou com a doença e, consequentemente, morte das abelhas e tudo tem uma explicação.

Na primeira parte do livro somos apresentados às personagens, complexas e cheias de camadas, mulheres que (sobre)vivem num planeta em estado crítico.

“A gente não se assusta com mais nada. Até que as coisas nos atinjam.” - Pág. 88

Já na segunda parte a Terra começa a morrer e vemos a sua decomposição, aos pequenos pedaços, em capítulos menores que na parte anterior, uma Terra ainda mais impactada.

Estamos diante de uma distopia bem próximo da gente.

“Quem vai comprar caminhão com o preço da gasolina do jeito que tá? […] Tá tudo desmatado pra criar gado, mas a carne é cara igual.” - Pág. 180

Há no livro uma série de reflexões a respeito de uma política trágica que, através de seus palhaços falsos democratas, espalha a peste em ‘seu povo’: uma estória com os dois pés na realidade de um Brasil do século XXI.

“O maior inimigo do meio ambiente é pobreza, porque as pessoas pobres destroem o meio ambiente para comer, disse o ministro da economia do Brasil no foro de Davos há alguns anos.” - Pág. 199

É sobretudo uma história de afetos, grito escrito de socorro.

Em meio a essa Terra em estado terminal a vida de mulheres que, com todos os desafios pré-existentes, se cruzam para se ajudar a combater a ignorância de muitos, a desinformação da maioria e a desgraça de todos.

“Não tinham mais ninguém a não ser elas mesmas […] Não sabiam dos desertos, mas entendiam de solidão.” - Págs. 291/292

Natália mostra a carcaça das abelhas que nós ajudamos matar.

Falando nisso me questiono: a quanto tempo não vemos abelhas?


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