Uma leitura fluida e muito rápida, talvez o livro mais gostoso que li este ano.
Auto da compadecida, um clássico da dramaturgia brasileira, nos traz importantes reflexões sobre problemas enfrentados no país: desde a pobreza extrema, construída pela concentração da riqueza entre poucos indivíduos, até o racismo; maior problema estrutural do Brasil.
“Eu, às vezes, chego a pensar que só quem morre completamente é pobre, porque com os ricos a confusão continua por tanto tempo depois da morte, que chega a parecer que ou eles não morrem direito, ou a morte deles é outra!” - Pág. 71
“Você pensa que eu sou americano para ter preconceito de raça?(...)
Só batizava os meninos pretos depois dos brancos.” - Pág. 127
Quando o folclore local se funde as histórias mirabolantes de João Grilo a trama fervilha. É quando entra em cena um sanguinário o cangaceiro e sacerdotes não tão castos em um livro que até Deus e o próprio diabo duvidam existir.
As crenças de um povo sofredor é a grande metáfora que permeia o ‘Auto da Compadecida’. São nessas palavras que o próprio autor, quebrando a 4ª parede do teatro, dentro de seu personagem, define a história que vai começar a contar:
“Ao escrever esta peça, onde combate o mundanismo, praga da sua igreja(...)
Ele não tinha o direito de tocar nesse tema, mas usou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque acredita que esse povo sofre tem direito a certas intimidades(...)
Auto da compadecida! Uma história altamente moral e um apelo à misericórdia.” - Pág. 16
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