"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Entrevistando Contemporâneos & Independentes - Douglas Freitas






Como a literatura entrou em sua vida?

A literatura entra na minha vida logo após a minha alfabetização formal, onde meu pai comprava clássicos infantis, como João e o Pé de Feijão, O Patinho Feio e Os Três Porquinhos.


Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor?

Com o advento do videogame, meu pai trocou os livros pelos jogos, o que me afastou completamente da literatura. Só a partir de um projeto educacional no menor aprendiz, anos depois, que a literatura voltou para a minha vida. Eu sempre senti necessidade de narrar estórias, então, após escrever o primeiro conto em 2018 e gostar do resultado, eu resolvi me jogar intensamente na leitura para que eu absorvesse características que compõem a literatura, me influenciando diretamente até hoje com aspectos literários que a gente leva para além do livro.


Consegue viver de literatura?

Não. Só no final desse ano eu me anuncei como escritor, já com minha primeira obra, a coletânea de contos Adsumus. Como tudo é muito recente, estou querendo acompanhar vivamente cada conquista.


Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor?

Nossa geração sente dificuldade de focar a atenção em um ponto, né? Temos a internet, o videogame, trabalho e, claro, as artes de forma geral. Tudo isso compete com o trabalho de quem está começando. Não culpando as pessoas, mas elas demoram a ver que estamos fazendo uma carreira séria e comprometida com a literatura.


Quais são suas referências literárias?

Suzanne Collins, George R. R. Martin, Gillian Flynn e Conceição Evaristo.
Os americanos possuem reviravoltas - meu recurso favorito em uma obra - muito poderosas, enquanto a brasileira tem uma prosa muito poética, o que me inspira a levar isso para a minha arte.


Lida bem com as críticas?

Sim. Não que seja fácil ter seu trabalho e intelecto expostos - muito pelo contrário. É uma etapa de muita coragem.
Mas eu acho que todo mundo tem direito a demonstrar a sua voz e, o ato de expor seu trabalho e intelecto é muito poderoso. Se você chegou até ali, você deu o seu melhor e deve ser recompensado internamente não apenas por publicar o texto, mas por todos os outros estágios anteriores.


Está trabalhando em algum livro no momento?

Sim. Estou tentando me organizar para escrever nessas férias de janeiro, mas possuo ideias para mais de quatro livros. Preciso me organizar para saber quais serão as narrativas que irão atrair a minha urgência, haha.


O que seria de sua vida sem as letras?

Não imagino minha vida sem as letras, pois é a partir dela que temos tantas artes, que, na minha opinião, são essenciais para a vida.


Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor:

Não romantize a escrita. Qualquer trabalho sob o sistema capitalista acaba tornando-se bom e ruim, ruim e bom, dependendo do seu dia, de você e da etapa do seu trabalho. O mercado editorial brasileiro é totalmente diferente do que vemos acontecer nos filmes norte-americanos e europeus.
Saber disso pode eliminar a máxima de autosabotagem de que nós não fomos feitos para a literatura. Bem, se você sabe escrever, você pode escrever sobre o que você quiser, ainda que com limitações diversas. O que torna alguém um(a) escritor(a) é a necessidade de contar estórias. Se você sente isso, saiba que você vai poder sentir uma cobrança enorme de você mesmo para se organizar e terminar aquela estória. Mas, calma. Toda essa cobrança se transforma em felicidade que só quem trabalha com prazos é capaz de sentir.


Douglas Freitas é escritor carioca que cresceu em Cariacica, ES. Professor de língua e literatura inglesa pela Universidade Federal do Espírito Santo, ele divide seu tempo entre aulas e escrita de ficção, além de criar conteúdo em seu site, douglasfreitas.art.br
Adsumus, coletânea de dez contos, é a sua primeira obra publicada.
Instagram/Twitter/Wattpad: doug_lasfreitas

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