Adsumus desnuda e trás através de seus dez contos, o mundo dos invisibilizados.
É uma obra que mescla urbano pós-advento da internet e o aumento da criminalidade no Brasil do século XX. Mesmo o autor tendo claramente referências europeias e americanas conseguiu obter um resultado incrivelmente brasileiro.
“E os retardados acham que a única ponte que dá pra se matar essa aqui! Mas que merda! Esse povo não conhece outras pontes não, pelo amor de Deus?!” - (Pág. 37)
Atento aos contos que mostram figuras que habitam as más línguas como os negros, gays, transexuais e outros corpos marginalizados.
O livro é dividido entre textos curtos e longos sempre com um final surpreendente, nos forçando a obrigação atônita do susto ante os pontos finais.
“Mas essa história perfeita não é nem um pouco coerente com a realidade que estamos vivendo! Tem gente sendo torturada lá fora, gente que provavelmente nunca vai ver o sol nascer de novo!” - (Pág. 184)
Douglas conseguiu descrever as diversas formas da violência psicológica e física de seus personagens.
No conto que nomeia essa antologia, temos uma triste distopia, onde as estórias se fundem com a história nos fazendo (re)viver as perseguições sofridas por LGBTTTQ+, tendo como estopim um golpe militar.
“A história não mente quando diz que essa não é a primeira vez que vocês nos tratam como lixos” - (Pág. 195)
Adsumus fere os bons costumes da tradicional família brasileira, remexe em feridas expostas o que o torna um livro único.
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