⚠️ GATILHO: Violência, Racismo, Machismo
“Não adianta chorar pelo leite derramado.” - dito popular
O livro é um imenso quebra-cabeças, hora com peças demais hora com memórias quebradas, um mosaico dentro do velho homem no hospital.
“É como se dizia antigamente, pai rico, filho nobre, neto pobre.” - Pág. 38
Chico ironiza com as desigualdades de classe e raça, com a pobreza, e mostra um relato retrato da elite brasileira, um povo ainda com traços do imperialismo colonizador português.
“O Balbino nem era mais escravo, mas dizem que todo dia tirava roupa e se abraçava num tronco de figueira, por necessidade de apanhar no lombo. E vovô batia de chapa, sem malícia na mão, batia mais pelo estalo que pelo suplício. Se quisesse lanhar, imitaria seu pai, que quando pegava negro fujão, açoitava com grande estilo.” - Pág. 102
O autor evidencia traços do patriarcado e da tomada do corpo feminino diminuindo - um corpo menor em poder -, a um objeto todo exclusivo do seu marido, do homem da casa.
“[...] ver minha mulher nos braços daquele crioulo foi para mim a pior infâmia[...]
Esquisito ter lembranças de coisas que ainda nem aconteceram[...]” - Pág. 116/117
Mostra também a frágil masculinidade que permeia a personagem principal desde o início da história, criando assim uma desconfiança a cada esquina em que Matilde - que na minha opinião é a personagem bem mais construída de todo o romance, deusa empoderadíssima - se dobra.
“[...] cada lembrança já é um arremedo de lembrança anterior.” - Pág. 136
Um clássico da contemporaneidade, pois reflete muito da história do Brasil a cada capitulo.
Boa leitura!
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