"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

quinta-feira, 7 de abril de 2022

‘Um livro advogado’, por Henrique Pariz

 


“Edmar acaba preso.” - Pág. 07

Assim se inicia o romance ‘O ato do tio’ de Hugo, cara leitora.

Publicado pela primeira vez em 2015, em seu livro de contos ‘Boneca: atrás da feição oca’, um texto breve com pouco mais de seis páginas.

“Edmar me permitiu apenas explicar o que os ‘carinhos’ ocorriam: todo o dia, quando o tio dele chegava bêbado, como castigo por ser como era.” - Pág. 39

O ato é como a sombra que perseguiu cada boca já censurada, é a bandeira mais colorida que um país heteronormativo jamais será capaz de hastear. ‘O ato do tio’ é um grito de liberdade. Em cena: a sociedade do espetáculo!

“E se você acha este livro impróprio em pleno ano de 2018, ou mesmo não digno de um Edital Cultural (veja só!) por tratar de temas proibidos, acho melhor você voltar a ler os poemas sobre A brancura das paredes do Convento da Penha [...]” - Pág. 47

Este livro é para nos tornar juízes e não apenas testemunhas, onde o autor, depois de nos dar uma panorama de uma trama cheia de reviravoltas, nos joga num quarto escuro com seus personagens e seus monstros.

Leitora, eis um último ato:

“Toda a folha seca é uma desistência sobre o vento.” - Pág. 170

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