João Antônio retrata nesse livro de contos uma triste realidade de garotos tentando viver à sua maneira nas ruas, o que infelizmente a torna uma obra tão atual mesmo tendo sido escrita em 60 e publicada em 1983.
“…ensinara-lhe engraxar, tomar conta de carro, lavar carro, se virar vendendo canudo e coisas dentro da cesta de taquara. E até ver horas.” - Pág. 17
‘Meninão do caixote’ é um livro forte, indicado para o público infanto na época de sua publicação, mostrando aos pequenos leitores mazelas e desafios de um Brasil pouco mostrado nos livros.
“Nem se sonhava com transistor, mas todos ouviam rádio. À noite, A Voz do Brasil era obrigação para se ficar sabendo das coisas[...] Tínhamos as fichas de racionamento, e nas noites de blackout, falavam na possibilidade de sofrermos fome.” - Pág. 50
Há tempos venho querendo ler João, escritor nacional ‘esquecido’ nas rodas dos ‘grandes literatos’, mesmo sendo um dos maiores representantes da literatura de sua geração.
“Prometeu baixar o custo de vida. Em dois anos o custo dobrou.
Memória fraca, a da gente.” - Pág. 56
Um autor vencedor de vários prêmios literários importantes - entre eles o Prêmio jabuti em 1963 e 1965 - além de ter seus livros traduzidos para mais de 10 idiomas.
“- Gostos e bofetadas são diferentes.
Até hoje.” - Pág. 65
Não me surpreendi ao ler, nestes quatro contos potentes e sensíveis de ‘meninão do caixote’, que a literatura brasileira ainda carrega sua imponência.
Que em suas marcas históricas - algumas descritas no livro - leva consigo as desigualdades sociais, o descaso político, a falta de informação e sobretudo o abandono do povo.
“Vitorino era meu patrão[…] punha-me o dinheiro na mão, mandava-me jogar.” - Pág. 94
Recomendo muito João Antônio para todas as idades,
Boa leitura!
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