“… esta ilha é uma delícia…” - Pág. 58
Carmélia é uma escritora intensa, suas crônicas refletem os tempos vividos entre 60/70, sua melancolia e fossa nos ajuda a entender um período da nossa história.
“É natural e humano o pranto, tanto quanto o riso, na geração de onde eu vim e na geração deste tempo que nos foi dado para viver. Sou decididamente uma jovem velha que tem vivido depressa e às vezes choro porque me sinto triste. Isto não impede, todavia, que eu me saiba uma pessoa perdidamente feliz.” - Pág. 34
Carmélia M. de Souza foi uma das maiores cronistas do Espírito Santo, ela abriu caminho para outras que vieram depois, e vento sul é seu único livro publicado, um compilado de seus textos por seu amigo o escritor Amylton de Almeida.
“…esta poesia jamais deixou de existir em nós. Nós, que as vezes ainda cantamos de noite, baixinho. Nós, que estamos vindo de uma geração que ainda insiste em fazer de sua canção um grito de amor e de protesto. Uma geração que aprendeu a esperar de joelhos, enquanto vai cantando a sua poesia machucada, por causa do cansaço, da dor, do inconformismo e da esperança, que não conseguem, apesar de tudo, nos tornar amargos ou nos envelhecer…” - Pág. 115
Quase sempre afundada na fossa, fã e hater da cantora Maysa, mas otimista no fim, neste livro Carmélia nos presenteia com uma obra lúcida e gostosa de ler, trazendo temas como a sua crise existencial, política, viagens, declarações de amor e até cartas à amigos queridos.
“Busquei imagens de um tempo em todas as esquinas, a impossível promessa e o impossível gesto. E só encontrei mesmo o sabor irremediável das coisas interrompidas, dos momentos doces, que ali ficaram para nunca mais.” - Pág. 156
Carmélia M. de Souza foi um evento, daqueles frios e fortes que abalam estruturas, que faz dançar as folhas das árvores e romper ondas salgadas do mar. Assim também é o livro ‘Vento Sul’, fotografia de um tempo pelo olhar de alguém que soube vivê-lo.
“O resto é nada, meu amor. O resto é apenas onde você não está.” - Págs. 104/105
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Até breve!
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