"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

quarta-feira, 12 de junho de 2024

a fera que mora em cada um de nós, RESENHA de ‘A lua fantasma’

 

A lua fantasma de Marcio Markendorf (Hecatombe, 2023)



“O tempo é uma coisa irreproduzível.” - Pág. 123

Da orelha: “… um hino de oblação a Caio Fernando Abreu, demonstra exímio trabalho com as palavras, labor que em cada uma das narrativas deixa impressos os engendramentos operacionais dos afetos, melhor, os afetos-outros, aqueles considerados socialmente inadequados.” escrita por Flavio Adriano Nantes.

“Amanhã seremos menos. Minhas vísceras tomaram parte da planície, minha alma fará para ti sombra fresca. Então viverei contigo menos que a distância que eu invento, menos que o intervalo de dois focinhos sangrentos.” - Pág. 09

‘A lua fantasma’, livro de contos de Marcio Markendorf, que saiu na coleção Pajubá em 2023 pela Hecatombe é uma obra de arte. Bem diagramado, com detalhes que fazem a diferença. Seu texto no primeiro conto é bem poético, mas no decorrer das narrativas a prosa feroz dita o teor do livro.

“Quantas noites eu não paguei tributos secretos a esse mosaico de corpos do ônibus, de meninos-homens que eu só visitava na intimidade da imaginação?” - Pág 48

É impossível sair ileso dessa leitura, uma ode aos casos de amores ‘raptados’, principalmente se você faz parte daqueles à margem das possibilidades.

“A química dos corpos era difícil de desfazer após tantas camadas do tempo se sobrepondo, soterrando e petrificando. Nós dois. Fósseis agora, em busca de uma arqueologia do desejo.” - Pág 58

O que mais me encantou nos textos de Marcio foi a forma requintada de escrever, sobretudo uma poesia do dia-a-dia normalmente invisível, o que eleva a qualidade de sua escrita.

“Pedro ficou um pouco rasgado por dentro, também com os membros espalhados pelo chão, como se o amor pudesse ser, por conta daquela história, sempre uma tragédia. Para toda a vida. Um mito pessoal.” - Pág 149

O autor é um exímio contista, produtor de mini-cosmos, suas ‘microliteraturas’ são como teias se entrelaçando do início ao fim para uma tessitura leve e perfeita.

“Quando a abelha voltar, direi a ela que minha preocupação é apenas pólen de amor; meu coração, uma delicada e silvestre florada.” - Pág 158





sexta-feira, 10 de maio de 2024

Entrevistando Contemporâneos & Independentes: Latinidades & Representatividade - Thiago Tizzot




"É uma posição que eu considero privilegiada, poder acompanhar todo o processo, da escrita até o leitor, dá uma perspectiva única sobre todas as atividades.


Thiago Tizzot

Como a literatura entrou em sua vida?

Thiago: Ela meio que sempre esteve presente, minha mãe era professora de literatura, então os livros sempre estiveram pela casa. Mas acho que quando li o Hobbit foi quando a coisa ficou séria. Comecei a estudar e a me informar mais sobre o assunto.

Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor(a)?

Thiago: Fundamental, até hoje é, junto com a prática, a coisa mais importante para continuar evoluindo.

Consegue viver de literatura?

Thiago: Como escritor não, mas tudo que faço está ligado com os livros.

Quais os desafios de escrever ficção fantástica no Brasil, principalmente quando se tem concorrentes tão expressivos como Tolkien, R.R.Martin entre outros?

Thiago: A literatura fantástica brasileira aos poucos vem conquistando seu espaço e hoje tem muita gente nacional em grandes editoras e com vendas expressivas de livros. Um dos desafios agora é a concorrência nacional, o que é uma alegria poder dizer. Mas não tem muita diferença das dificuldades de qualquer pessoa que escreve. Conseguir espaço em uma boa editora, ter leitores e uma sequência de publicações. Não é fácil.

Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor?

Thiago: Conseguir o seu espaço e seus leitores. Tem muita gente boa produzindo, para um público que não é tão grande assim. É muito importante termos programas de incentivo à leitura. Além da produção escrita, hoje temos muitos lançamentos, todos mês tem livros e mais livros sendo lançados. Você precisa encontrar alguma forma de fazer com que seu livro seja notado.

"A literatura fantástica brasileira aos poucos vem conquistando seu espaço e hoje tem muita gente nacional em grandes editoras e com vendas expressivas de livros.

Thiago Tizzot

Quais são suas referências literárias?

Thiago: Não tem como não dizer Tolkien, foi estudando a forma que ele criou a Terra-média que comecei a escrever. Mas uma das melhores coisas que fiz foi abrir as minhas leituras, não ficar apenas na Fantasia. Tem um autor aqui de Curitiba, o Manoel Carlos Karam, que eu gosto muito. Mas cada leitura traz uma coisa nova, um detalhe que guardo para tentar colocar na minha escrita.

Eu como apaixonado e jogador de RPG de mesa já imaginei – e com certeza irei usar Breasal ou seu deserto de Tatekoplan em uma de minhas campanhas – quero saber se você já jogou ou foi influenciado por algum Rpg? Já imaginou a história de ‘Três viajantes’ adaptada para esse universo?

Thiago: Breasal veio de uma aventura de RPG. O começo surgiu ali, depois eu fui criando e colocando outros elementos, mas a ideia inicial é baseada no mundo que servia de cenário para o RPG. Por isso faria todo o sentido ter Breasal em um RPG.

Lida bem com as críticas?

Thiago: Creio que sim, nunca é legal saber ou ler que alguém não gostou dos livros, na hora dá um desânimo, mas depois passa. Desde que comecei a publicar sabia que é impossível todo mundo gostar das histórias. Faz parte do trabalho.

Como está sendo o retorno (feedback) das leituras?

Thiago: É muito bom, uma das coisas que mais me dá alegria é que uma coisa que quase todo mundo fala é que está curioso para ler os outros livros e conhecer mais sobre o universo. Eu sempre vejo cada livro como uma nova peça para dar forma e vida a Breasal.


Atualmente há um crescimento visível de produções audiovisuais e adaptações de obras literárias, um exemplo recente é Duna de Frank Herbert, chegando ao público leitor. Como isso impacta na produção brasileira e consequentemente no mercado livreiro nacional?

Thiago: Eu acho que é positivo, se bem trabalhado, é uma forma de levar os leitores para a literatura fantástica e descobrirem a produção nacional.

Você além de escritor é também livreiro e editor na Arte & Letra, uma livraria e parque gráfico em Curitiba que trabalha o livro de forma artesanal. Como é trabalhar com a palavra desde o livro, a produção, venda da prateleira até a estante do leitor? Qual a importância das pequenas livrarias e as independentes no Brasil hoje?

Thiago: É uma posição que eu considero privilegiada, poder acompanhar todo o processo, da escrita até o leitor, dá uma perspectiva única sobre todas as atividades. Você acaba ao mesmo tempo pensando em todas as etapas quando faz uma. Por exemplo, quando escrevo, meio que já penso como editor e o impacto do livro na livraria. Acho que você acaba mais consciente das coisas, vivenciando todas as etapas no dia a dia. As pequenas livrarias e as independentes são fundamentais, são elas que vão dar a visibilidade e a bibliodiversidade necessária para que tantas pessoas que escrevem encontrem seus leitores. Sobre todas as aquelas dificuldades que eu falava, sobre conseguir seu espaço e se conectar aos leitores, a livraria independente ajuda e ajuda muito. Elas são fundamentais para termos novas histórias, novas ideias circulando.

O que seria de sua vida sem as letras?

Thiago: Um pouco mais triste, a literatura me proporciona muita coisa boa.

Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor:

Thiago: Escreva muito.
Leia sempre.







Thiago Tizzot é apaixonado por livros de fantasia e J.R.R Tolkien. Autor de Três viajantes, de 2014, A ira dos dragões, de 2009, e Segredo da guerra, de 2005, comanda também a livraria e editora Arte & Letra, em Curitiba.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Entrevistando Contemporâneos & Independentes: Latinidades & Representatividade - Brendda Neves

 


"Não gaste seu dinheiro fazendo cursos para ser escritor, gaste comprando livros primeiro.

Brendda neves

Como a literatura entrou em sua vida? 

Brendda: Minha mãe lia para os três filhos à noite e sempre comprava livros para nós.

Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor(a)? 

Brendda: A leitura foi e é fundamental para todos os escritores. Quando comecei a escrever tinha a voz de todos os autores que já havia lido. Hoje percebo que tenho meu próprio estilo, mas sempre há a influência de tudo o que li e ainda lerei.

Consegue viver de literatura

Brendda: Infelizmente não. Gostaria que este fosse meu único labor e também meu sustento.

Em um post de lançamento do seu livro no site midialivre.com foi dito sobre seu livro: “... servir como um farol para reflexões profundas sobre a existência e a saúde mental”. Qual a importância dessa obra justamente no mês da conscientização sobre o suicídio, o Janeiro branco? 

Brendda: (Já estamos em fevereiro)

Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor? 

Brendda: A divulgação, pois a mídia ou a grande mídia não dá espaço para autores independentes como eu, que não tenho uma editora.

Quais são suas referências literárias? 

Brendda: São muitas, pois sou uma leitora voraz. Citarei alguns, mas não todos. Escritores(as) brasileiros(as) eu leio muito Vinicius de Moraes, Drummond, Bandeira, Quintana, Caio Fernando Abreu, Lispector, Cecilia Meireles, Ana Cristina César e Hilda Hilst. Estrangeiros eu amo Baudelaire, Rimbaud, Maiakovsk, Bukowski, Fernando Pessoa, Dostoievski, Sylvia Plath e Jane Austen.

Há muito de você Brendda pessoa física nas páginas de seu novo livro ‘Poeta no divã’, podemos dizer que é uma autoficção/autobiografia de Brendda Neves na forma de seu eu lírico? 

Brendda: Sim, é autobiográfico. Mas meu editor, por ser mais profissional do que eu, disse que autorretrato é mais poético por se tratar de um livro de poesia.


"Não há como mudar se não se conhecer. Quando você não sabe falar o que sente, e eu não sei falar, escrever é ferramenta poderosa de cura.
Brendda Neves


Lida bem com as críticas? 

Brendda: Não, nunca. Mas de uns tempos pra cá tenho aprendido a escutar sem esbravejar. Agradeço a análise e minha analista por isso. (Risos).

“Acredito que a poesia é uma ferramenta poderosa para o autoconhecimento e a transformação pessoal”, você disse em uma entrevista recente a respeito de seu novo livro e dos poemas nele. Qual a importância da escrita – hoje dita terapêutica - na sua vida pessoal? 

Brendda: Não há como mudar se não se conhecer. Quando você não sabe falar o que sente, e eu não sei falar, escrever é ferramenta poderosa de cura.


O que seria de sua vida sem as letras? 

Brendda: Eu não seria eu. Não seria esta com quem você conversa agora. Eu sou formada por palavras, e pela palavra escrita, não falada. Às vezes até sonho que estou escrevendo uma poesia, então acordo e co sigo ainda rascunhar alguns versos.

Você como jornalista, a algum tempo no meio literário capixaba e conhecendo um pouco da mecânica do mercado livreiro local, escolheu uma editora do Pará para a publicação do ‘Poeta no divã’. Queria saber o quão difícil é publicar no seu estado e o porquê dessa decisão? Eu, particularmente, vejo uma crescente de publicações das pequenas editoras e das independentes, e uma quantidade maior de publicações a nível nacional. 

Brendda: A Folheando é uma pequena editora independente de Belém do Pará e procura sempre descobrir novos talentos. O meio artístico capixaba e suas editoras são cheias de panelinhas, já desisti de publicar por aqui. Já as grandes editoras só publicam autores de renome e eu estou um pouco longe disso.

Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor: 

Brendda: Eu só posso dar uma dica: leia. E leia muito, leia de tudo, todos os gêneros e estilos. Mas ser escritor não é algo que a gente decide um dia e fala: vou escrever. É um chamado. Ou você é ou não é. Não gaste seu dinheiro fazendo cursos para ser escritor, gaste comprando livros primeiro.








Brendda Neves é Jornalista, poeta e escritora. Natural de Linhares/ES (1979), é membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras (AFESL), da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB) e da Associação Capixaba de Escritores (ACE). Fez parte
da Academia Jovem Espírito-santense de Letras (AJEL).

sábado, 3 de fevereiro de 2024

🏳️‍⚧️ “e se eu fosse…” [RESENHA] 🏳️‍⚧️

 

E se eu fosse put@ de Amara Moira (Editora Hoo, 2018)



“Hoje já nem sei mais se me prostituo pra escrever ou se escrevo pra me prostituir, essa é a verdade.” - Pág. 107

‘E se eu fosse put@‘ é a biografia da travesti escritora Amara Moira, nascida em seu blog e transformado em livro físico em 2016 que ganhou essa edição revisada e atualizada pela Hoo editora (2018).

“[…] escrever sobre a rua ao mesmo tempo que a vivo, essa agora tão minha[…] Essa onde eu era livre.” - Pág. 34

Seus textos são repletos de chamadas engraçadas, o que acaba tornando leve os duros relatos de uma vida nas calçadas da noite fria de São Paulo.

“O “NÃO É NÃO” das feministas precisa urgente ganhar a zona, empoderar prostitutas. Os clientes parece que jamais ouviram nada a respeito.” - Pág. 105

A narradora-personagem troca uma ideia sincera com o leitor, Amara e seus causos íntimos se aproxima de quem a lê, tornando uma leitura fluida e gostosa, muitas vezes com um final cômico.

“[…]homens mortos não estupr@m[…]” - Pág. 103

Uma política de controle de todo e qualquer corpo ‘feminino’ além da criminalização do trabalho prestado por essas mulheres e a desvalorização dos seus serviços são temas retratados de forma corriqueira no livro.

“Vejo trabalhadores recém-saídos das fábricas, das construções, virem requisitar meus serviços por vinte, trinta reais, antes de voltar pra casa, pra família, eu sendo a recompensa pelo dia extenuante[…]” - Pág. 124

Um dos meus capítulos favoritos é o ‘ah, se não houvesse riscos!’ onde a escritora fala sobre o estigma da profissão, tecendo críticas ao fundamentalismo e as feministas radicais no campo da política brasileira na luta contra os direitos das profissionais do sexo.

“Por um mundo onde não seja preciso coragem nem desconstrução para amar uma travesti.” - Pág. 178

domingo, 12 de novembro de 2023

histórico: Duas obras capixabas são seminifinalistas do Prêmio Jabuti em 2023

Dois títulos concorrem ao maior prêmio de literatura brasileira este ano





Pela primeira vez na história do prêmio, este na sua 65ª edição, dois capixabas chegam como semifinalistas - para nossa alegria – do Jabuti.

Concorrendo em duas categorias os livros ‘Guia Anônima’ de Junia Zaidan e ‘Aquele dia na praia’ de Flávio Sarlo disputam com outros nove títulos em CONTO e CRÔNICA respectivamente.

O Prêmio Jabuti deste ano contou com mais de 4.200 inscritos, escritores de todo o país, este que é o maior prêmio da literatura brasileira.

Escritor homenageado: Pedro Bandeira


A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anuncia o escritor Pedro Bandeira como a Personalidade Literária da 65ª edição do Prêmio Jabuti. Reconhecido como um dos mais influentes autores da literatura infantojuvenil brasileira, Pedro Bandeira recebe homenagem por sua contribuição para o mundo literário e seu compromisso em enriquecer a imaginação de leitores de todas as idades.



As editoras capixabas no Jabuti

Saulo Ribeiro (editor da editora Cousa, indicada na categoria de CONTOS)



A Cousa é uma das principais editoras de livros em atividade no Espírito Santo, com mais de 250 obras publicadas ao longo de quatorze anos de trabalho.

Tem a maior parte de seu catálogo dedicado à literatura produzida em terras capixabas, difundindo autores já consagrados e estreantes. Publicações já foram indicadas como leitura obrigatória no vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo, além de constar em bibliografias de programas de pesquisa em diversas instituições de ensino no Brasil e no exterior.

“Pra gente é uma alegria e um alento porque a luta é tão grande que gerar esse reconhecimento é muito legal. A gente gosta de chegar onde as pessoas sequer conhecem prêmios: nas periferias, nas ruas, nas praças, mas a gente também gosta desse espaço de reconhecimento. É importante. 

Este ano foi muito bacana para o Espírito Santo porque além da Cousa e a Fina, com o livro da Junia, teve também a Leitura Fina com o livro do Flávio Sarlo. 

“Isso ajuda todo mundo, fortalece a cadeia produtiva do livro capixaba como um todo.” – Saulo Ribeiro

A escritora Fernada Nali, produtora executiva e coordenadora editorial da Fina produtora, comentou em suas redes que "o reconhecimento de que o trabalho na área da cultura é tão sério como qualquer outra área e de que um excelente trabalho não está restrito no eixo Rio-São Paulo. Ademais, é a literatura produzida no Espírito Santo no painel nacional. Que felicidade". A trabalhadora da cultura que é também coprodutora do livro semifinalista do Prêmio ao lado da editora Cousa, agradeceu a sua equipe editorial.

Matheus de Miranda (editor da Leitura Fina Editora)


“Foi muito significativo. Mostra que o trabalho empregado no livro do Flávio Sarlo foi bem feito. Estamos muito felizes pelo reconhecimento. 
Aliás, em todos os livros que publicamos nós entregamos o melhor de nós para que o resultado seja bom, principalmente para os autores e autoras da editora.” – comenta Matheus de Miranda (da Leitura Fina Editora) quando perguntado sobre a classificação no Prêmio.



Outros capixabas que passaram pelo tapete azul do Jabuti, confira:

Bundo e outros poemas, de Waldo Motta foi indicado ao Prêmio Jabuti de Literatura em 1997.

Danuza, capixaba irmã de Nara Leão, acumulou dois Prêmios Jabuti, com sua autobiografia “Quase Tudo”, publicado em 2005, e com “Danuza Leão fazendo as malas”, livro publicado em 2008.

Bernadette Lyra foi indicada ao prêmio Jabuti em 2007, com o livro de contos “Memórias das Ruínas de Creta”.

Maciel de Aguiar, o escritor capixaba, foi indicado para a final do Prêmio Jabuti, na categoria poesia, pelos quatro volumes do seu "Os anos de chumbo", em 2008.

José Caldas com o livro “Caparaó: A primeira guerrilha contra a ditadura” foi um dos finalistas do Prêmio Jabuti de 2008 na categoria livro-reportagem.

O primeiro Jabuti de crônica da história foi para o capixaba de Cachoeiro Rubem Braga, com o livro “O poeta e outras crônicas de literatura e vida” (em 2018), ele que também levou o prêmio em 2017 com a “Caixa Rubem Braga: Crônicas” quando a categoria ainda era Contos e Crônicas juntos. 

Em 2021 o prêmio Jabuti, na categoria crônicas, foi para o livro “Histórias ao redor” do escritor Flávio Carneiro, um feito inédito para uma editora capixaba com a Cousa.


Os dois livros semifinalistas do Prêmio Jabuti foram resenhados por mim aqui no blog, clique abaixo e conheça-os:



Desejo muito boa sorte aos indicados e uma boa leitura para você que vai lê-los: são dois livraços que valem muito a pena a leitura

Até breve!

sábado, 21 de outubro de 2023

O que é o amor? [RESENHA]

 




Não, você não vai encontrar a resposta neste livro aqui!

Marciel Cordeiro busca despretensiosamente, através de seus contos, mostrar algumas das faces deste sentimento que muitos se perguntam mas poucos descobrem.

“Transamos durante toda a madrugada, como se o mundo fosse acabar pela manhã. Fizemos juras de amor, leituras de poemas e ouvimos um disco do Ed Motta. Por mim tudo bem, um dia o amor acaba e precisamos seguir.” - Pág. 21

Seja um sexo gostoso, uma viagem ou apenas na contemplação de uma cena cotidiana, o amor está lá. Na nossa busca, na espera, no silêncio de uma noite estrelada.

“[…]ali era um ótimo lugar para o esquecimento. Ruas quase desertas, pessoas que caminhavam lentamente, cachorros na praça. Nada ali tinha pressa.” - Pág. 41

No final das contas é um livro para refletir sobre as humanidades, em toda sua completude ou sequidão, nas palavras do próprio autor: “a vida é apenas um ensaio para a morte.“ (Pág. 34)

É um livro curto, com textos rápidos e deliciosos, uma obra cheia de referências históricas, musicais e com reflexões sociais importantíssimas.

É também uma viagem entre Bahia de Jorge Amado e o Espírito Santo de Rubem Braga, com alguns contos ambientados no estado vizinho.

“Sabe, por mais que queiramos ser durões, não estamos imunes aos efeitos colaterais do amor.” - Pág. 84

‘Essa coisa louca chamada amor’ é um livro que vale a pena ser lido, ele desbloqueou minha ressaca literária, me fez rir, refletir e viajar

Dê uma chance e depois me conte o que achou da leitura,

Até breve!

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

1º CONCURSO LITERÁRIO DO COLETIVO DIVERSIDADE LITERÁRIA homenageia a escritora “ANDRESSA PINNA”

 


Andressa Pinna, escritora capixaba que iniciou sua paixão pela arte ainda na infância, quando já vendia poesias na escola, tendo inclusive escrito um livro à mão. Formou-se em serviço social e além de escrever lindos poemas, também escreveu para o público infantil, com quem amava trabalhar! Era uma talentosa Contadora de histórias. Além disso, cantava divinamente e fazia as composições das próprias letras musicais. Andressa ou como ficou conhecida "a menina da janela" encontrava refúgio na arte e incentivava o acesso a arte à toda humanidade, tendo em vista seus inúmeros benefícios. Andressa Pinna nos deixou esse ano e a Literatura e a Arte perdeu um grande talento! 


REGULAMENTO 1. 

Da Realização 1.1 

O coletivo “Diversidade Literária” , torna público o presente regulamento que estabelece as diretrizes para o seu 1º CONCURSO LITERÁRIO “ANDRESSA PINNA”. Este concurso tem como objetivos: estimular, reconhecer e valorizar talentos literários, promovendo a valorização da DIVERSIDADE LITERÁRIA no ES; fomentar literatura; ampliar o acesso da população ao livro e a leitura. ao mesmo tempo em que amplia a divulgação do coletivo e suas contribuições literárias/culturais para a sociedade capixaba. 

2. PARTICIPAÇÃO 

Estão convidados a participar do concurso, de forma gratuita, escritores a partir de 18 anos de idade e residentes no Espírito Santo. 

3. CATEGORIAS 3.1 

Crônicas, Contos e Poemas 

4. INSCRIÇÕES 4.1 

Os interessados devem enviar um único texto inédito ou não, de autoria própria, escrito em língua portuguesa, com extensão máxima de duas laudas (páginas) para o email do Coletivo “Diversidade Literária” coletivodiversidades@hotmail.com .Tema livre. 

4.2 

Não serão aceitos textos que ultrapassem duas laudas (páginas). 

4.3 

O texto deve ser digitado em Word, folha A4, em fonte New Times Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5. O título da obra deverá constar da parte superior da página em negrito. Cabe a cada autor fazer a revisão gramatical do texto para fins de publicação. 

4.4 

Cada Escritor é responsável por seu texto, ou seja, a legalidade do texto literário é de total responsabilidade do autor. 

4.5 

Não serão aceitos textos que contenham conteúdo pejorativo, discriminatório ou que incitem ódio e preconceito, nem palavrões de baixo calão ou eróticos; 

4.6 

As inscrições estarão abertas até às 23h59min (horário de Brasília) do DIA 30 DE OUTUBRO DE 2023, por meio do envio do texto para o e-mail coletivodiversidades@hotmail.com Observação: Além do texto enviar uma foto meio corpo, escrever o nome completo e o nome artístico, contato telefônico e uma minibiografia (até 15 linhas).

5. COMISSÃO JULGADORA 

5.1 

Os textos serão avaliados por Escritores do Coletivo Diversidade Literária, especialistas em Literatura e em Língua Portuguesa. 

6. RESULTADOS 

6.1 

Os resultados do concurso (lista dos autores selecionados) serão anunciados pelas redes sociais do Coletivo Diversidade Literária: Email: coletivodiversidades@hotmail.com Instagram: @coletivodiversidadees Canal no YouTube: @diversidadeliteraria8625 

6.2 

Os textos serão publicados numa Antologia e haverá uma cerimônia de lançamento cuja data e horário serão oportunamente divulgados nas redes sociais do Coletivo Diversidade Literária. 

7. PREMIAÇÃO 

7.1 

Troféu e Certificados, para os 1º lugares de cada categoria, Placa e certificados para os 2º lugares de cada categoria e Medalhas e certificados para os 3º lugares de cada categoria. Haverá Menções Honrosas para os textos classificados da 4ª a 10ª colocação de cada categoria. 

7.2 

A revelação dos premiados e premiação será feita no lançamento da Antologia 

8. DISPOSIÇÕES FINAIS 

8.1 

Eventuais dúvidas podem ser esclarecidas por meio do telefone (27)999250985, Advanir Rosa, proponente do coletivo diversidade literária. Ao realizar a inscrição, os participantes expressam sua plena concordância com as disposições deste regulamento, autorizando a divulgação e publicação de seus nomes e trabalhos inscritos, por tempo indeterminado, sem qualquer ônus para os organizadores deste concurso. 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Entrevistando Contemporâneos & Independentes – Felipe Fagundes

 


"Tem gente que pensa que comédia é apenas o personagem escorregar numa casca de banana, mas ela é uma ferramenta perfeita para tratar de assuntos delicados

Felipe Fagundes


Como a literatura entrou em sua vida?


Felipe: Eu sempre me encaixei naquela estatística de que brasileiro lê no máximo 2 livros do ano. Lia os livros paradidáticos da escola e outros que entravam no meu caminho por acaso. Só criei o hábito da leitura mesmo quando uma amiga no Ensino Médio passou a me emprestar livros de entretenimento. De lá para cá nunca mais parei de ler.

Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor(a)?

Felipe: Para mim, leitura e escrita andam juntas. Sou um autor mais autocrítico porque leio, sou um leitor mais fascinado porque escrevo. Livros me inspiram a escrever minhas próprias histórias.

Consegue viver de literatura?

Felipe: Quem dera! Brinco sempre que sou um autor-bebê, porque minha carreira tem apenas dois anos, então acho que ainda é cedo para chegar nesse patamar de viver de literatura. A repercussão de Gay de Família nesse primeiro ano me surpreendeu muito, mas sei que há um caminho longo pela frente até eu ter uma carreira consolidada. Atualmente, sou analista de sistemas, a escrita é minha carreira secundária.

Em uma entrevista que deu para UOL sobre seu livro ‘Gay de família’ (editora Paralela, 2022) você disse sobre Diego, um dos personagens principais do livro, que; “Os pais não o aceitam, o irmão não sabe lidar com ele, os sobrinhos mal sabem que o tio existe.” Infelizmente uma dura realidade na comunidade LGBTQIAPN+. Como aproveitar e criar partes cômicas e uma história cativante com um background desses? 

Felipe: Eu sempre digo que minhas comédias são, na verdade, dramas disfarçados. Tem gente que pensa que comédia é apenas o personagem escorregar numa casca de banana, mas ela é uma ferramenta perfeita para tratar de assuntos delicados, temas que talvez os leitores não encarariam se fossem apresentados de outras formas.


"[...] foi essencial que Gay de Família encarasse esse tabu de que gays e crianças não podem conviver no mesmo ambiente

Felipe Fagundes

Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor?

Felipe: Ainda estou me entendendo com o marketing digital. A internet é um espaço excelente para nos dar voz e fazer com que leitores nos encontrem, mas entender os algoritmos é um trabalho à parte que autores precisam estudar se quiserem ter sucesso nas redes sociais.

Quais são suas referências literárias?

Felipe: Gosto muito do humor da Sophie Kinsella (série Becky Bloom) e do Vitor Martins (Quinze dias, entre outros)

Há na sociedade alguns preconceitos envolvendo homens gays no Brasil, como adoção de menores, casamento, além do novo conceito de família. O que você propõe em seu livro é ampliar a visão das leitoras e leitores a estes temas? Ou apenas buscou retratá-los como forma de representatividade?

Felipe: Representar personagens de grupos minorizados já é ampliar a visão de quem lê. Não tem como conhecermos o que nem sabemos que existe. Pra mim foi essencial que Gay de Família encarasse esse tabu de que gays e crianças não podem conviver no mesmo ambiente.

Lida bem com as críticas?

Felipe: Eu leio praticamente TUDO que falam do meu livro, mas raramente interajo com resenhas. Entendo que é um espaço dos leitores e quem leu meu livro tem o direito de reagir como quiser a ele.

Como está sendo o retorno (feedback) das leituras?

Felipe: Muito positivo! As avaliações e as resenhas são no geral muito gentis. Ouço muito dos leitores que Gay de Família é o livro mais engraçado que eles leram na vida e isso me dá o sentimento de missão cumprida. Sei que a maioria das pessoas não tem o costume de ler comédias, então me deixa muito feliz ver tanta gente dando uma chance para o meu livro.

Uma pergunta um pouco mais pessoal: como foi sua descoberta enquanto homem gay, seus desafios e dulçores com a própria comunidade e como esse caminho lhe ajudou na preparação do sucesso que está sendo ‘Gay de família’?

Felipe: Eu cresci no meio evangélico, e isso até hoje molda minha personalidade e as histórias que escrevo, é inevitável. Mas, diferente do Diego, não vivi nenhum grande drama quando me entendi gay. Minha família é um amor e sempre me apoiou em todos os meus passos. Acaba que minha experiência cai no mesmo lugar de tantos homens gays que não puderam viver suas vidas 100% durante a adolescência e só foram existir plenamente depois de adultos. Tenho muito orgulho de hoje poder estampar nas livrarias um livro com um GAY bem grande na capa, coisa que há uns 10 anos atrás seria impossível para mim. De certa forma, Gay de Família também é meu grito de liberdade.

Está trabalhando em algum livro novo no momento? 

Felipe: Com certeza! Ainda esse ano chega uma história nova. Nesse exato momento, estou trabalhando na comédia que pretendo lançar em 2024, se tudo der certo.


"[...] tenho muita vontade de escrever uma sequência para Gay de Família (os leitores me pedem muito!)

Felipe Fagundes

Fiquei sabendo que seu livro teve seus direitos adquiridos para uma adaptação audiovisual, o que para um autor estreante é um ótimo resultado, principalmente quando falamos do mercado editorial brasileiro. Como estão as expectativas e o que podemos esperar do futuro de ‘Gay de família’?

Felipe: É incrível porque eu NUNCA imaginei que isso fosse sequer uma possibilidade para mim. Foi uma grande surpresa, e eu realmente não sei o que esperar, acho que ainda não tive tempo de criar expectativas. Torço muito para que o filme leve o melhor do livro para quem precisa. Sobre o futuro, tenho muita vontade de escrever uma sequência para Gay de Família (os leitores me pedem muito!), mas é algo que não depende só de mim para acontecer, então só o tempo dirá.

O que seria de sua vida sem as letras?

Felipe: Eu sempre me vi como um contador de histórias. Antes de começar a escrever, eu desenhava histórias em quadrinhos sem balões de fala. Então gosto de acreditar que eu daria um jeito de encontrar um meio para continuar criando personagens, conflitos e enredos.

Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor:

Felipe: Leia bastante. Pratique todos os dias que você puder, nem que seja apenas um pouquinho. Escreva uma história que você gostaria de ler. Pare de enxergar outros escritores como seus concorrentes, está todo mundo no mesmo barco se ajudando. Crie contatos pelas redes sociais. Frequente os eventos literários da sua cidade. Sua primeira história nunca será perfeita, mas pode ser o suficiente para iniciar sua carreira.

 

 

 

 

Felipe Fagundes nasceu em 1991 e cresceu em Nova Iguaçu, cidade da Baixada do Rio de Janeiro. "Gay de Família" é seu primeiro livro publicado, mas desde sempre escreve histórias bem-humoradas que, na verdade, são dramas disfarçados. Seus temas favoritos são família, amizades complicadas e relacionamentos em geral. Gosta de retratar personagens LGBT+ adultos, que já saíram da escola e agora precisam ganhar o mundo. Atualmente, mora no Rio de Janeiro com seu marido.




sábado, 5 de agosto de 2023

LIVROS CENSURADOS NA DITADURA e no governo Bolsonaro (1968-1978/2020)

 




“Uma das primeiras providências da maioria dos regimes autoritários é censurar a liberdade de expressão e opinião, uma forma de dominação pela coerção, limitação ou eliminação das vozes discordantes”, observa Sandra Reimão.

Sandra que é professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA), ambas da USP.

Desde 2008, Sandra Reimão vem se dedicando à análise da ação da censura a livros de 1964 a 1985. Pesquisa que já resultou em vários artigos e, em especial, no livro Repressão e Resistência – Censura a Livros na Ditadura Militar, publicado pela Editora da USP (Edusp).

Foram mais de 450 livros censurados no país entre 1968 e 78, tendo como consequência a prisão de alguns escritores e editores.

Nem tão recentemente assim, em 2020, pipocou nas redes uma polêmica da Secretaria de Educação de Rondônia com uma lista de livros que deveriam ser recolhidos das escolas por serem classificados como “conteúdos inadequados” a crianças e adolescentes.

A lista com 43 livros reúne obras de alguns dos principais autores brasileiros como Machado de Assis, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Mário de Andrade e Rubem Fonseca.
Alguns dos títulos censurados foram: memórias póstumas de Brás Cubas, Macunaíma e A vida como ela é.




Acontecimentos históricos: envolvendo o livro e a censura no Brasil e na América-latina

1937

Jorge Amado na fogueira

Em Salvador, Bahia, as autoridades do Estado Novo, ditadura comandada por Getúlio Vargas, queimam em uma fogueira 1,8 mil livros supostamente simpatizantes do comunismo. A maioria era assinada por Jorge Amado, incluindo 808 exemplares de seu recém-lançado Capitães da areia.



1986

Um Nobel em chamas

Durante a ditadura de Pinochet, no Chile, 15 mil exemplares do livro A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile, de Gabriel García Márquez, são queimados após serem confiscados no porto de Valparaíso. Os livros apreendidos deveriam ser entregues à editora chilena que publicava as obras de García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura em 1982. A reportagem literária conta as complicações do cineasta Miguel Littín, que estava exilado desde o golpe de 1973.



2019

Beijo gay na Bienal

Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, então prefeito da cidade, manda fiscais da prefeitura recolherem a HQ Vingadores: a cruzada das crianças, que traz na capa dois homens se beijando. O prefeito anuncia que censuraria o livro, mas o STF derruba a medida que autorizava a prefeitura carioca a censurar obras no evento.




A pergunta que fica após todos estes anos de censura escrachadas por parte dos desgovernos conservadores e ditatoriais é: se a literatura é tão inofensiva quanto muitos pensam, porque a mesma é constantemente atacada?

O mais importante: o ato de ler é político!

Vamos ler mais e, acima de tudo, proporcionar o acesso.
 
Até breve!




terça-feira, 4 de julho de 2023

Entrevistando Contemporâneos & Independentes – Claudia Daltio

 




Como a literatura entrou em sua vida?

Claudia: Desde pequena fui apresentada aos livros, principalmente aos clássicos infantis. Amava pegar livros emprestados na biblioteca da escola. Mas foi na adolescência que esse amor ficou mais forte lendo os romances de banca da minha mãe escondido. Depois disso todo meu dinheiro era para comprar livros de romance, e até comecei a escrever um, que continua até hoje no segundo capítulo. Quando tive meu filho Gabriel, minha imaginação correu solta. Comecei a inventar milhões de histórias para ele, e veio essa vontade de colocar no papel. O livro “Bibi, O Pinguim Viajante” é em homenagem ao meu filho e aos meus sobrinhos e meu primeiro livro publicado. Espero que o primeiro de muitos!



Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor?

Claudia: A leitura me transformou completamente. Ela é parte da minha identidade, não imagino ser o que sou, acreditar no que acredito, sem os livros que li. O livro me deu possibilidades, me levou a lugares distantes, sentir emoções nunca sentidas. Como autora sinto que a leitura me permitiu não limitar minha criatividade, não colocar obstáculos nas minhas criações.



Consegue viver de literatura?

Claudia: Estou começando agora como escritora e confesso ser essa uma realidade distante. Até o momento gastei mais do que recebi (risos). Sou fisioterapeuta e sou apaixonada pelo que faço, mas sonho viver dos livros e poder me dedicar inteiramente a essa linda carreira que desperta sentimentos em quem está do outro lado. Sei que ainda tenho um caminho longo a trilhar na literatura e acredito que se for dado mais oportunidades aos escritores, esse caminho será mais fácil e recompensador.



Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor?

Claudia: Acredito que financeiro. Livros com pouca impressão são mais caros, o que dificulta a compra e venda. Infelizmente ainda são poucos os pais que compram livros para seus filhos. Hábitos que devem ser mudados. A leitura deve ser incentivada no berço.



Quais são suas referências literárias?

Claudia: Em romance: Jane Austin, Jamie McGuire, Colleen Houck. Em livros infantis: Don e Audrey Wood, Janet e Allan Ahlberg, Tino Freitas, Mateus Rios, Stephen Michael King, Emma Yarlett



Lida bem com as críticas?

Claudia: Acredito que sim. Gosto de saber a opinião dos leitores, o que eles acreditam que poderia ser diferente no livro. As crianças são as melhores críticas! Elas são sinceras e se algo não as agrada, já falam na hora. Estou amando escrever para elas!



Está trabalhando em algum livro no momento?

Claudia: Sim, depois de publicar meu primeiro livro as palavras estão correndo para o papel, tudo se torna enredo! Escrevi um livro infanto-juvenil e estou apenas aguardando uma boa oportunidade para publicar. Agora estou apostando em livros mais longos, com drama, vilões e uma pitada de suspense. Mas é claro que “Bibi, O Pinguim Viajante 2” é um sonho que pretendo realizar.



O que seria de sua vida sem as letras?

Claudia: Confesso que nunca imaginei tal situação. As letras estão em tudo! Está no aprendizado, na fé, no romance, no lazer, em todas circunstâncias. Acredito que sem ela viveríamos um imenso retrocesso.



Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor:

Claudia: Percebo hoje que existem oportunidades, infelizmente poucas, para publicação de livros com baixo ou nenhum custo para o autor. Eu diria: Encontre-as! Muitas das vezes desistimos de publicar pelos gastos, porém há leis de incentivo, concursos e até editoras que oferecem essa possibilidade. Também diria: Acredite no potencial da sua escrita! Por várias vezes pensei: ah, mas é tão simples! Será que daria um livro? Claro que sim! Pode se tornar algo maravilhoso que vai despertar o interesse de muitas pessoas! Vale a pena tentar!









Claudia Daltio é fisioterapeuta, natural de Cachoeiro de Itapemirim-ES e mora em Aracruz-ES com seu esposo e filho. Desde criança é fã dos livros, principalmente os que terminam com finais felizes.

Depois que teve seu filho Gabriel só pensa em ler para ele lindos livros infantis e muitas vezes inventar histórias engraçadas com os personagens que ele pedir. Claro que ele também se encantou pela leitura, este livro (Bibi, O Pinguim Viajante) é em sua homenagem! 

Mãe e filho amam compartilhar dicas de livros e atividades educativas com materiais reciclados em seu perfil do instagram: @mundodobiel27