"a-maior-função-do-homem-no-mundo-é-transformar-se-em--literatura" - Reinaldo Santos Neves

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Entrevistando Contemporâneos & Independentes: Latinidades & Representatividade - Marcio Markendorf

 




"Quando você cresce carente de imagens de referência, com as quais possa se identificar, isso pode criar uma fratura na subjetividade e certa fragilidade na autoestima. Então, quando penso na cena contemporânea, é inegável o impacto que essas ações editoriais produzem sobre os sujeitos LBGTQIAPN+, que agora não precisam apenas se espelhar no amor romântico cisheterossexual.

Marcio Markendorf


Como a literatura entrou em sua vida?

Marcio: Eu gostava muito de ler quando criança, meus pais tinham uma biblioteca razoável, com exemplares adquiridos do antigo Clube do Livro. Comecei a rabiscar alguns poemas por volta dos nove anos e publicava-os no caderno infantil do Correio do Estado, em Campo Grande.

Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor(a)?

Marcio: Sem a presença constante da leitura na minha vida seria muito difícil criar uma arquitetura autoral. Criação precisa de alimento, de repertório. Quando comecei a escrever, estava muito inspirado pelo estilo das pessoas que eu lia e com as quais me identificada em termos de projeto de arte. Com o tempo fui procurando buscar meu próprio estilo.

Consegue viver de literatura?

Marcio: Creio que, assim como muitos outros colegas de ofício, é difícil viver de literatura no Brasil. A maior parte dos escritores possui o tal “emprego de verdade”, aquele que paga as contas, e escreve literatura como guerrilha. Tive quatro obras publicadas por editais de incentivo à cultura, mas o cachê recebido é algo simbólico, o maior investimento está direcionado em produzir um projeto que possa chegar ao público de forma gratuita. E nas publicações por editoras independentes, como boa parte dos contratos, recebemos de direitos autorais dez por cento do número da tiragem, que fica em uma média de 100 exemplares. Caso haja uma nova reimpressão, recebemos em valor-livro de novo. Não é rentável, mas é prazeroso.

Em um post sobre seu livro ‘A lua fantasma’ no site miradajanela.com escreveram: “A obra, publicada pela editora Hecatombe, integra a Coleção Pajubá, dedicada às autorias LGBTQIAPN+ do cenário contemporâneo.”. Qual a importância de dar espaço a este tipo de publicação? Você consegue dimensionar o impacto dessas ações editoriais no cenário nacional?

Marcio: Em um cenário que ainda perpetua um imaginário cisheteronormativo e tem o mercado editorial dominado por escritores/as heterossexuais, é muito importante criar fissuras e tensionamentos no fluxo hegemônico ao incluir outras representações e representatividades. Quando você cresce carente de imagens de referência, com as quais possa se identificar, isso pode criar uma fratura na subjetividade e certa fragilidade na autoestima. Então, quando penso na cena contemporânea, é inegável o impacto que essas ações editoriais produzem sobre os sujeitos LBGTQIAPN+, que agora não precisam apenas se espelhar no amor romântico cisheterossexual.

"No meu tempo de leitor, só se conhecia Caio F. como alguém que escrevia contos gays porque era o único com algum reconhecimento da academia e que foi publicado por grandes editoras. Eu li e reli Caio e de algum modo, aquele modo cinematográfico, cheio de referências intertextuais, me capturou.

Marcio Markendorf

Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor?

Marcio: Para atingir o público é preciso ter uma boa conjuntura de fatores, desde um bom plano de divulgação a um grande investimento de marketing. Editoras hegemônicas do mercado conseguem ter maior distribuição e, consequentemente, maior projeção de seus autores. Escritores da cena independente precisam fazer um esforço maior para fazer a obra chegar até o conhecimento das pessoas.

Quais são suas referências literárias?

Marcio: Eu tenho em alta conta escritores como Caio Fernando Abreu, Ana Cristina Cesar, Clarice Lispector, João Gilberto Noll, Marcelino Freire, Sylvia Plath.

Na orelha do seu livro ‘A lua fantasma’ Flávio Adriano Nantes diz que ele é “...um hino de oblação a Caio Fernando Abreu”, um dos grandes representantes abertamente gay da literatura brasileira contemporânea. Eu me senti muito representado ao ler o seu livro, queria saber de você, como foi escrevê-lo e qual a importância de Caio na sua formação como leitor e consequentemente como escritor?

Marcio: No meu tempo de leitor, só se conhecia Caio F. como alguém que escrevia contos gays porque era o único com algum reconhecimento da academia e que foi publicado por grandes editoras. Eu li e reli Caio e de algum modo, aquele modo cinematográfico, cheio de referências intertextuais, me capturou. Não é à toa que brinquei com a ideia de romance-móbile que aparece em “Os dragões não conhecem o paraíso”. O conto que dá título ao meu livro, “A lua fantasma”, é inegavelmente um pastiche estrutural de contos do Caio. Quando li “Morangos mofados” pela primeira vez, sabia que queria escrever com aquela potência e de um modo que as pessoas pudessem se reconhecer, como talvez tenha acontecido com você.

Lida bem com as críticas?

Marcio: No campo da criação artística, acredito eu, é preciso estar de coração aberto às críticas, só assim você consegue se aperfeiçoar. Obviamente as pessoas preferem o elogio à crítica, mas entender o que não está funcionando em termos de narrativa ajuda você crescer seus ossos e ir mais fundo.

Como está sendo o retorno (feedback) das leituras?

Marcio: Até o momento tenho tido retornos muito positivos. Às vezes alguém me manda mensagem e diz que se identificou demais com tal personagem ou que tal história parecia sobre a vida dele. Bem, esse era o objetivo desse livro, que a experiências narradas pudessem ter algo sobre como era a vida gay nos anos 1990.

O que seria de sua vida sem as letras?

Marcio: Hoje já não consigo me imaginar sem escrever. No começo, quando comecei a publicar textos, via blog, lá no início dos anos 2000 e o começo da popularização da internet, eu não me sentia escritor por duas razões: primeiro, porque se você escrevia em blog era chamado apenas de ‘blogueiro’, o que dizia que você era um escritor de terceira categoria; segundo, porque a materialidade do livro parece que confere esse status de escritor, algo que o virtual por si só não dá conta. Quando veio o primeiro livro publicado, em 2019, comecei uma vida de escrita/escritor que não vai parar mais.


Uma pergunta um pouco mais pessoal: como foi sua descoberta enquanto homem gay, seus desafios e dulçores com a própria comunidade e como esse caminho lhe ajudou na preparação do livro ‘A lua fantasma’?

Marcio: Eu cresci em Campo Grande/MS, uma capital bastante conservadora, desenhada em uma masculinidade bruta e de estilo cowboy. Então a autodescoberta da sexualidade não foi um processo fácil, especialmente porque as imagens de referência que a cultura de massas trazia eram a da “bicha louca” ou da “travesti", ou seja, ou você seria motivo de riso dos outros ou seria alvo de violência de diversos tipos. Como ninguém queria esse tipo de vida para si – ainda mais com as narrativas estereotipas do gay que morre solitário, de doença ou de assassinato –, o peso dos armários deve ter afundado um pouco o terreno de Campo Grande. Tentei captar um pouco o espírito daquele lugar em “Lá, na cidade pecuária”, com a fictícia cidade de Boi Grande, com muitas passagens autoficcionais, como o primeiro beijo e o primeiro amor.

Está trabalhando em algum livro novo no momento?

Marcio: Agora em julho lançarei um novo projeto, escrito com mais cinco outros artistas, que reúne diferentes linguagens, tais como o verso, a prosa, a fotografia, a colagem, a ilustração, os quadrinhos, a cianotipia. É um livro multiautoral e multiartístico chamado “Imagenações”.

Na página de pré-venda do seu livro há um trecho da descrição que fala: “O projeto ficcional “A lua fantasma” tem como leitmotiv a representação de personagens homossexuais que enfrentam seus horrores íntimos...”. Você consegue ver hoje uma significativa representatividade na literatura se tratando da comunidade LGBTQIAPN+ no geral? Acha que com seu livro conseguiu atingir o que queria?

Marcio: Creio que não apenas na literatura, mas o cinema e o streaming têm colaborado enormemente para criar novas narrativas para comunidade LGBTQIAPN+, distantes daquelas que mencionei há pouco, com fim trágico. É curioso, por exemplo, como uma série como “Heartstopper”, que é direcionada para um público mais jovem, tenha emocionado tantas pessoas da minha geração. Muitos amigos disseram que se tivessem visto alguma história como essa no passado, não teriam enfrentado tanto drama e medo, percepções com as quais concordo. Nesse sentido, penso que meu livro tem um traço que arriscaria chamar de ‘documental’ porque expressa os horrores de ser gay naquela fatia temporal dos anos 1980/1990.

Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor:

Marcio: Leia sempre, leia muito, entenda que a primeira versão de um texto é sempre um rascunho a ser maturado, aprenda a ter disciplina para escrita e estabelecer um método de disciplinar a criatividade.









Marcio Markendorf é professor, pesquisador e escritor. Leciona no Curso de Cinema e no Programa de Pós-graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina. É autor da novela “Soy loca, Lorca, feito um chien no chão” (Urutau, 2019) e dos livros de contos “A lua fantasma” (Hecatombe, 2023) e “O sonhos perturbados de Juliano Adrián” (Edição do Autor, 2023), este último financiado pelo Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis. Em parceria com Adriano Salvi, publicou o livro de mininarrativas “Microcontando” (Caiaponte Edições, 2019) por meio da lei de incentivo à cultura da Fundação Cultural de Balneário Camboriú. Foi contemplado no prêmio Elisabete Anderle de incentivo à cultura em 2020 e publicou o livro de microcontos “Ainda estavam lá”, com André Ricardo Aguiar e Adriano Salvi (Edição do autor, 2021). Publicou “Imagenações” (Edição do Autor, 2024), um livro-objeto multiautoral, ao lado de Andréa C. Scansani, Kristel Kardeal, Lucas Gabriel Soares, Milena Fernandes e Nílbio Thé, projeto artístico financiado pelo prêmio Elisabete Anderle de incentivo à cultura de 2023.

domingo, 21 de julho de 2024

Duas novas apostas à literatura feita no ES

 A literatura na capital Vitória foi movimentada por estes dois lançamentos




Carla Guerson e Reyan lançaram seus livros esta semana

A autora Carla Guerson (@carlaguerson) lançou seu primeiro romance “Todo mundo tem mãe, Catarina”, publicado pela editora Reformatório, no dia 20 de julho, as 16h, no Sesc Glória (@sescgloria), Centro de Vitória, capital do Espírito Santo. A autora ainda tem eventos de lançamentos previstos no Rio de Janeiro, em agosto, e em Salvador, em setembro. O bate-papo sobre a obra foi mediado pela escritora e jornalista Lívia Corbellari.


No livro, Carla desenvolve a história de Catarina, uma garota de 14 anos que começa a sua jornada pelas descobertas da adolescência após uma infância marcada pela falta de pai e mãe. Criada pela avó, uma servente de condomínio de classe média no interior do Espírito Santo, a personagem precisa desvendar a história familiar complexa e cheia de segredos para crescer. Em meio à essa jornada, a garota se depara com temas complexos como prostituição, religião, sexualidade, diferenças de classes e as escolhas que ela precisa fazer.


O livro possui textos de apoio assinados por autoras reconhecidas no mercado literário: a orelha foi escrita por Marcela Dantés, finalista do Prêmio Jabuti 2021 e do Prêmio São Paulo nos anos de 2021 e 2023, semifinalista do Prêmio Oceanos 2017 e autora dos livros “Nem sinal de Asas” e “João Maria Matilde”. Já a quarta capa é de autoria de Débora Ferraz, escritora vencedora do Prêmio Sesc de Literatura em 2014 e Prêmio São Paulo de Literatura em 2015.


Já Reyan Perovano, lançou na quarta-feira (17), seu primeiro livro no Espaço Cultural Thelema, no Centro de Vitória. O lançamento aconteceu três dias após o Dia Internacional da Pessoa Não-Binária, que é celebrado anualmente no dia 14 de julho. O evento contou com uma programação cultural, com espaço para DJ, sarau de poesias, criação de desenhos com o público e bate-papo com Reyan, que é escritora e também ilustradora da obra.


Nil é uma carta escrita para uma criança que sente muito e que às vezes não sente nada. Nil é uma criança preciosa, de um jeito frágil e muito bonito. É uma criança que cresce sem se ver no mundo em que habita e passa, assim, a buscar uma travessia para que seja possível florescer.

Com frases curtas, um enredo riquíssimo e ilustrações feitas com giz, o livro conta uma história cativante e muito gostosa de ler. Segundo Reyan “O giz é um material que considero bruto e sensível. Emula emoções e é difícil de deixar polido. Me interessa muito mais o que é possível sentir”. No livro, alguns trechos da história de Nil são contados por meio das ilustrações, sem o uso de palavras. Essa costura delicada entre palavras e desenhos é feita de maneira brilhante pela autora, dando uma fluidez impressionante para a leitura.


Eu tive o prazer de estar nos dois lançamentos e é um misto de prazer e reconhecimento dessa importante ferramenta de conexão entre pessoas, tão diversas e plurais, em gêneros totalmente diferentes. Livros que, em suas diferenças, nos tocam em nossas humanidades. 
Sem dúvida obras que só vem para agregar no mercado literário capixaba, tão rico e marcante. Ansioso por cada leitura.


Sobre as autoras


Carla Guerson nasceu e vive em Vitória, no Espírito Santo. Formada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo, escreve em verso e prosa e é autora do livro de contos “O som do tapa”, publicado pela editora Patuá. Também escreveu o livro de poesia premiado pelo edital de cultura da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult/ES) e publicado pela editora Pedregulho “Fogo de Palha”. Ela é mediadora de clubes do livro, comanda o podcast “Você, Personagem” e idealizou e coordena o Coletivo Escreviventes, que hoje agrega mais de 600 escritoras de todo o Brasil.

Reyan é artista. Transita, desenha, escreve, experimenta, tatua. Nasceu em Vitória e vive em Cariacica. É mestra em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), bacharel e licenciada em Artes Visuais/Plásticas, finalista em pós-graduação de Arteterapia, iniciante em técnico de Artes Dramáticas/Teatro. Pesquisa contextos sociais, filosóficos e políticos de gênero, sexualidade, racialização e classe e seus atravessamentos nas artes e suas linguagens.

Outras resenhas:



Espero que tenha gostado, nos vemos em breve

Até!


terça-feira, 2 de julho de 2024

EU, travesti [RESENHA]

 

Eu, travesti: Memórias de Luísa Marilac e Nana Queiroz (Editora Record, 2019)



“— E teve boatos que eu ainda estava na pior. Se isso é estar na pior, PORRAM! O que quer dizer tá bem, né?” - Pág. 168

O livro de Luiza e Nana é um escândalo! Nele as autoras escancaram a noite, fetiches estranhos de homens ‘héteros’ e, é claro, a vida das travestis que fazem seus pontos nas calçadas pelo país.

“Mas antes de ser travesti e de ser puta, eu fui criança como todo mundo. E eu tinha um corpo que não era nem de menino, nem de menina. Era só um corpo de gente. Um corpo todo.
Corpo de criança não tem rótulo ou sessão.” - Pág. 23

A heteronormatividade em xeque. É o que este livro me mostrou. Além da história de uma das ativistas pelos direitos LGBTQIAP+ no Brasil, uma das mais relevantes e sinceras.

“Ocó foi a primeira palavra que aprendi. Significa homem. Mapô é mulher, bofe é homem também. Neca é o pinto, edi é ânus e aquendar é dar, ou esconder, disfarçar - porque a gente aprende as coisas que importam primeiro.” - Pág. 44

O que mais me cativou neste ‘EU, travesti’ foi o fato de ser um papo limpo, direto e reto com Marilac. Me senti de frente para ela, conversando com uma amiga, que confidencia sua vida como um livro escancarado.

“No Brasil e na maioria dos países que fornecem dados à ONU sobre tráfico não existe treinamento de pessoal para contabilizar cabeças de quem não deveria existir socialmente. Sumimos, invisibilizadas nas estatísticas.” - Pág. 97

Como se já não bastassem os preconceitos sofridos, o texto é carregado de agressões físicas, psicológicas, tráfico sexual, exploração, etc. O pior dos lados do desejo ‘humano’.

“Todas nós tínhamos um prêmio sobre a cabeça. Éramos todas marcadas pra morrer por sermos abominações sociais.” - Pág. 121

É um livro curto, mas pesado, seus capítulos breve são um pedido de suspiro que você, leitora deve fazer. São eles que tornam a leitura fluida e um pouco mais leve.

“A felicidade tem a teimosia de brotar de coisas podres e desajustadas.” - Pág. 35

quarta-feira, 12 de junho de 2024

a fera que mora em cada um de nós, RESENHA de ‘A lua fantasma’

 

A lua fantasma de Marcio Markendorf (Hecatombe, 2023)



“O tempo é uma coisa irreproduzível.” - Pág. 123

Da orelha: “… um hino de oblação a Caio Fernando Abreu, demonstra exímio trabalho com as palavras, labor que em cada uma das narrativas deixa impressos os engendramentos operacionais dos afetos, melhor, os afetos-outros, aqueles considerados socialmente inadequados.” escrita por Flavio Adriano Nantes.

“Amanhã seremos menos. Minhas vísceras tomaram parte da planície, minha alma fará para ti sombra fresca. Então viverei contigo menos que a distância que eu invento, menos que o intervalo de dois focinhos sangrentos.” - Pág. 09

‘A lua fantasma’, livro de contos de Marcio Markendorf, que saiu na coleção Pajubá em 2023 pela Hecatombe é uma obra de arte. Bem diagramado, com detalhes que fazem a diferença. Seu texto no primeiro conto é bem poético, mas no decorrer das narrativas a prosa feroz dita o teor do livro.

“Quantas noites eu não paguei tributos secretos a esse mosaico de corpos do ônibus, de meninos-homens que eu só visitava na intimidade da imaginação?” - Pág 48

É impossível sair ileso dessa leitura, uma ode aos casos de amores ‘raptados’, principalmente se você faz parte daqueles à margem das possibilidades.

“A química dos corpos era difícil de desfazer após tantas camadas do tempo se sobrepondo, soterrando e petrificando. Nós dois. Fósseis agora, em busca de uma arqueologia do desejo.” - Pág 58

O que mais me encantou nos textos de Marcio foi a forma requintada de escrever, sobretudo uma poesia do dia-a-dia normalmente invisível, o que eleva a qualidade de sua escrita.

“Pedro ficou um pouco rasgado por dentro, também com os membros espalhados pelo chão, como se o amor pudesse ser, por conta daquela história, sempre uma tragédia. Para toda a vida. Um mito pessoal.” - Pág 149

O autor é um exímio contista, produtor de mini-cosmos, suas ‘microliteraturas’ são como teias se entrelaçando do início ao fim para uma tessitura leve e perfeita.

“Quando a abelha voltar, direi a ela que minha preocupação é apenas pólen de amor; meu coração, uma delicada e silvestre florada.” - Pág 158





sexta-feira, 10 de maio de 2024

Entrevistando Contemporâneos & Independentes: Latinidades & Representatividade - Thiago Tizzot




"É uma posição que eu considero privilegiada, poder acompanhar todo o processo, da escrita até o leitor, dá uma perspectiva única sobre todas as atividades.


Thiago Tizzot

Como a literatura entrou em sua vida?

Thiago: Ela meio que sempre esteve presente, minha mãe era professora de literatura, então os livros sempre estiveram pela casa. Mas acho que quando li o Hobbit foi quando a coisa ficou séria. Comecei a estudar e a me informar mais sobre o assunto.

Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor(a)?

Thiago: Fundamental, até hoje é, junto com a prática, a coisa mais importante para continuar evoluindo.

Consegue viver de literatura?

Thiago: Como escritor não, mas tudo que faço está ligado com os livros.

Quais os desafios de escrever ficção fantástica no Brasil, principalmente quando se tem concorrentes tão expressivos como Tolkien, R.R.Martin entre outros?

Thiago: A literatura fantástica brasileira aos poucos vem conquistando seu espaço e hoje tem muita gente nacional em grandes editoras e com vendas expressivas de livros. Um dos desafios agora é a concorrência nacional, o que é uma alegria poder dizer. Mas não tem muita diferença das dificuldades de qualquer pessoa que escreve. Conseguir espaço em uma boa editora, ter leitores e uma sequência de publicações. Não é fácil.

Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor?

Thiago: Conseguir o seu espaço e seus leitores. Tem muita gente boa produzindo, para um público que não é tão grande assim. É muito importante termos programas de incentivo à leitura. Além da produção escrita, hoje temos muitos lançamentos, todos mês tem livros e mais livros sendo lançados. Você precisa encontrar alguma forma de fazer com que seu livro seja notado.

"A literatura fantástica brasileira aos poucos vem conquistando seu espaço e hoje tem muita gente nacional em grandes editoras e com vendas expressivas de livros.

Thiago Tizzot

Quais são suas referências literárias?

Thiago: Não tem como não dizer Tolkien, foi estudando a forma que ele criou a Terra-média que comecei a escrever. Mas uma das melhores coisas que fiz foi abrir as minhas leituras, não ficar apenas na Fantasia. Tem um autor aqui de Curitiba, o Manoel Carlos Karam, que eu gosto muito. Mas cada leitura traz uma coisa nova, um detalhe que guardo para tentar colocar na minha escrita.

Eu como apaixonado e jogador de RPG de mesa já imaginei – e com certeza irei usar Breasal ou seu deserto de Tatekoplan em uma de minhas campanhas – quero saber se você já jogou ou foi influenciado por algum Rpg? Já imaginou a história de ‘Três viajantes’ adaptada para esse universo?

Thiago: Breasal veio de uma aventura de RPG. O começo surgiu ali, depois eu fui criando e colocando outros elementos, mas a ideia inicial é baseada no mundo que servia de cenário para o RPG. Por isso faria todo o sentido ter Breasal em um RPG.

Lida bem com as críticas?

Thiago: Creio que sim, nunca é legal saber ou ler que alguém não gostou dos livros, na hora dá um desânimo, mas depois passa. Desde que comecei a publicar sabia que é impossível todo mundo gostar das histórias. Faz parte do trabalho.

Como está sendo o retorno (feedback) das leituras?

Thiago: É muito bom, uma das coisas que mais me dá alegria é que uma coisa que quase todo mundo fala é que está curioso para ler os outros livros e conhecer mais sobre o universo. Eu sempre vejo cada livro como uma nova peça para dar forma e vida a Breasal.


Atualmente há um crescimento visível de produções audiovisuais e adaptações de obras literárias, um exemplo recente é Duna de Frank Herbert, chegando ao público leitor. Como isso impacta na produção brasileira e consequentemente no mercado livreiro nacional?

Thiago: Eu acho que é positivo, se bem trabalhado, é uma forma de levar os leitores para a literatura fantástica e descobrirem a produção nacional.

Você além de escritor é também livreiro e editor na Arte & Letra, uma livraria e parque gráfico em Curitiba que trabalha o livro de forma artesanal. Como é trabalhar com a palavra desde o livro, a produção, venda da prateleira até a estante do leitor? Qual a importância das pequenas livrarias e as independentes no Brasil hoje?

Thiago: É uma posição que eu considero privilegiada, poder acompanhar todo o processo, da escrita até o leitor, dá uma perspectiva única sobre todas as atividades. Você acaba ao mesmo tempo pensando em todas as etapas quando faz uma. Por exemplo, quando escrevo, meio que já penso como editor e o impacto do livro na livraria. Acho que você acaba mais consciente das coisas, vivenciando todas as etapas no dia a dia. As pequenas livrarias e as independentes são fundamentais, são elas que vão dar a visibilidade e a bibliodiversidade necessária para que tantas pessoas que escrevem encontrem seus leitores. Sobre todas as aquelas dificuldades que eu falava, sobre conseguir seu espaço e se conectar aos leitores, a livraria independente ajuda e ajuda muito. Elas são fundamentais para termos novas histórias, novas ideias circulando.

O que seria de sua vida sem as letras?

Thiago: Um pouco mais triste, a literatura me proporciona muita coisa boa.

Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor:

Thiago: Escreva muito.
Leia sempre.







Thiago Tizzot é apaixonado por livros de fantasia e J.R.R Tolkien. Autor de Três viajantes, de 2014, A ira dos dragões, de 2009, e Segredo da guerra, de 2005, comanda também a livraria e editora Arte & Letra, em Curitiba.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Entrevistando Contemporâneos & Independentes: Latinidades & Representatividade - Brendda Neves

 


"Não gaste seu dinheiro fazendo cursos para ser escritor, gaste comprando livros primeiro.

Brendda neves

Como a literatura entrou em sua vida? 

Brendda: Minha mãe lia para os três filhos à noite e sempre comprava livros para nós.

Qual foi o papel da leitura para a construção do seu eu autor(a)? 

Brendda: A leitura foi e é fundamental para todos os escritores. Quando comecei a escrever tinha a voz de todos os autores que já havia lido. Hoje percebo que tenho meu próprio estilo, mas sempre há a influência de tudo o que li e ainda lerei.

Consegue viver de literatura

Brendda: Infelizmente não. Gostaria que este fosse meu único labor e também meu sustento.

Em um post de lançamento do seu livro no site midialivre.com foi dito sobre seu livro: “... servir como um farol para reflexões profundas sobre a existência e a saúde mental”. Qual a importância dessa obra justamente no mês da conscientização sobre o suicídio, o Janeiro branco? 

Brendda: (Já estamos em fevereiro)

Qual a maior dificuldade que encontra para chegar ao público leitor? 

Brendda: A divulgação, pois a mídia ou a grande mídia não dá espaço para autores independentes como eu, que não tenho uma editora.

Quais são suas referências literárias? 

Brendda: São muitas, pois sou uma leitora voraz. Citarei alguns, mas não todos. Escritores(as) brasileiros(as) eu leio muito Vinicius de Moraes, Drummond, Bandeira, Quintana, Caio Fernando Abreu, Lispector, Cecilia Meireles, Ana Cristina César e Hilda Hilst. Estrangeiros eu amo Baudelaire, Rimbaud, Maiakovsk, Bukowski, Fernando Pessoa, Dostoievski, Sylvia Plath e Jane Austen.

Há muito de você Brendda pessoa física nas páginas de seu novo livro ‘Poeta no divã’, podemos dizer que é uma autoficção/autobiografia de Brendda Neves na forma de seu eu lírico? 

Brendda: Sim, é autobiográfico. Mas meu editor, por ser mais profissional do que eu, disse que autorretrato é mais poético por se tratar de um livro de poesia.


"Não há como mudar se não se conhecer. Quando você não sabe falar o que sente, e eu não sei falar, escrever é ferramenta poderosa de cura.
Brendda Neves


Lida bem com as críticas? 

Brendda: Não, nunca. Mas de uns tempos pra cá tenho aprendido a escutar sem esbravejar. Agradeço a análise e minha analista por isso. (Risos).

“Acredito que a poesia é uma ferramenta poderosa para o autoconhecimento e a transformação pessoal”, você disse em uma entrevista recente a respeito de seu novo livro e dos poemas nele. Qual a importância da escrita – hoje dita terapêutica - na sua vida pessoal? 

Brendda: Não há como mudar se não se conhecer. Quando você não sabe falar o que sente, e eu não sei falar, escrever é ferramenta poderosa de cura.


O que seria de sua vida sem as letras? 

Brendda: Eu não seria eu. Não seria esta com quem você conversa agora. Eu sou formada por palavras, e pela palavra escrita, não falada. Às vezes até sonho que estou escrevendo uma poesia, então acordo e co sigo ainda rascunhar alguns versos.

Você como jornalista, a algum tempo no meio literário capixaba e conhecendo um pouco da mecânica do mercado livreiro local, escolheu uma editora do Pará para a publicação do ‘Poeta no divã’. Queria saber o quão difícil é publicar no seu estado e o porquê dessa decisão? Eu, particularmente, vejo uma crescente de publicações das pequenas editoras e das independentes, e uma quantidade maior de publicações a nível nacional. 

Brendda: A Folheando é uma pequena editora independente de Belém do Pará e procura sempre descobrir novos talentos. O meio artístico capixaba e suas editoras são cheias de panelinhas, já desisti de publicar por aqui. Já as grandes editoras só publicam autores de renome e eu estou um pouco longe disso.

Dê uma (ou mais) dica(s) para quem quer ser escritor: 

Brendda: Eu só posso dar uma dica: leia. E leia muito, leia de tudo, todos os gêneros e estilos. Mas ser escritor não é algo que a gente decide um dia e fala: vou escrever. É um chamado. Ou você é ou não é. Não gaste seu dinheiro fazendo cursos para ser escritor, gaste comprando livros primeiro.








Brendda Neves é Jornalista, poeta e escritora. Natural de Linhares/ES (1979), é membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras (AFESL), da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB) e da Associação Capixaba de Escritores (ACE). Fez parte
da Academia Jovem Espírito-santense de Letras (AJEL).

sábado, 3 de fevereiro de 2024

🏳️‍⚧️ “e se eu fosse…” [RESENHA] 🏳️‍⚧️

 

E se eu fosse put@ de Amara Moira (Editora Hoo, 2018)



“Hoje já nem sei mais se me prostituo pra escrever ou se escrevo pra me prostituir, essa é a verdade.” - Pág. 107

‘E se eu fosse put@‘ é a biografia da travesti escritora Amara Moira, nascida em seu blog e transformado em livro físico em 2016 que ganhou essa edição revisada e atualizada pela Hoo editora (2018).

“[…] escrever sobre a rua ao mesmo tempo que a vivo, essa agora tão minha[…] Essa onde eu era livre.” - Pág. 34

Seus textos são repletos de chamadas engraçadas, o que acaba tornando leve os duros relatos de uma vida nas calçadas da noite fria de São Paulo.

“O “NÃO É NÃO” das feministas precisa urgente ganhar a zona, empoderar prostitutas. Os clientes parece que jamais ouviram nada a respeito.” - Pág. 105

A narradora-personagem troca uma ideia sincera com o leitor, Amara e seus causos íntimos se aproxima de quem a lê, tornando uma leitura fluida e gostosa, muitas vezes com um final cômico.

“[…]homens mortos não estupr@m[…]” - Pág. 103

Uma política de controle de todo e qualquer corpo ‘feminino’ além da criminalização do trabalho prestado por essas mulheres e a desvalorização dos seus serviços são temas retratados de forma corriqueira no livro.

“Vejo trabalhadores recém-saídos das fábricas, das construções, virem requisitar meus serviços por vinte, trinta reais, antes de voltar pra casa, pra família, eu sendo a recompensa pelo dia extenuante[…]” - Pág. 124

Um dos meus capítulos favoritos é o ‘ah, se não houvesse riscos!’ onde a escritora fala sobre o estigma da profissão, tecendo críticas ao fundamentalismo e as feministas radicais no campo da política brasileira na luta contra os direitos das profissionais do sexo.

“Por um mundo onde não seja preciso coragem nem desconstrução para amar uma travesti.” - Pág. 178

domingo, 12 de novembro de 2023

histórico: Duas obras capixabas são seminifinalistas do Prêmio Jabuti em 2023

Dois títulos concorrem ao maior prêmio de literatura brasileira este ano





Pela primeira vez na história do prêmio, este na sua 65ª edição, dois capixabas chegam como semifinalistas - para nossa alegria – do Jabuti.

Concorrendo em duas categorias os livros ‘Guia Anônima’ de Junia Zaidan e ‘Aquele dia na praia’ de Flávio Sarlo disputam com outros nove títulos em CONTO e CRÔNICA respectivamente.

O Prêmio Jabuti deste ano contou com mais de 4.200 inscritos, escritores de todo o país, este que é o maior prêmio da literatura brasileira.

Escritor homenageado: Pedro Bandeira


A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anuncia o escritor Pedro Bandeira como a Personalidade Literária da 65ª edição do Prêmio Jabuti. Reconhecido como um dos mais influentes autores da literatura infantojuvenil brasileira, Pedro Bandeira recebe homenagem por sua contribuição para o mundo literário e seu compromisso em enriquecer a imaginação de leitores de todas as idades.



As editoras capixabas no Jabuti

Saulo Ribeiro (editor da editora Cousa, indicada na categoria de CONTOS)



A Cousa é uma das principais editoras de livros em atividade no Espírito Santo, com mais de 250 obras publicadas ao longo de quatorze anos de trabalho.

Tem a maior parte de seu catálogo dedicado à literatura produzida em terras capixabas, difundindo autores já consagrados e estreantes. Publicações já foram indicadas como leitura obrigatória no vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo, além de constar em bibliografias de programas de pesquisa em diversas instituições de ensino no Brasil e no exterior.

“Pra gente é uma alegria e um alento porque a luta é tão grande que gerar esse reconhecimento é muito legal. A gente gosta de chegar onde as pessoas sequer conhecem prêmios: nas periferias, nas ruas, nas praças, mas a gente também gosta desse espaço de reconhecimento. É importante. 

Este ano foi muito bacana para o Espírito Santo porque além da Cousa e a Fina, com o livro da Junia, teve também a Leitura Fina com o livro do Flávio Sarlo. 

“Isso ajuda todo mundo, fortalece a cadeia produtiva do livro capixaba como um todo.” – Saulo Ribeiro

A escritora Fernada Nali, produtora executiva e coordenadora editorial da Fina produtora, comentou em suas redes que "o reconhecimento de que o trabalho na área da cultura é tão sério como qualquer outra área e de que um excelente trabalho não está restrito no eixo Rio-São Paulo. Ademais, é a literatura produzida no Espírito Santo no painel nacional. Que felicidade". A trabalhadora da cultura que é também coprodutora do livro semifinalista do Prêmio ao lado da editora Cousa, agradeceu a sua equipe editorial.

Matheus de Miranda (editor da Leitura Fina Editora)


“Foi muito significativo. Mostra que o trabalho empregado no livro do Flávio Sarlo foi bem feito. Estamos muito felizes pelo reconhecimento. 
Aliás, em todos os livros que publicamos nós entregamos o melhor de nós para que o resultado seja bom, principalmente para os autores e autoras da editora.” – comenta Matheus de Miranda (da Leitura Fina Editora) quando perguntado sobre a classificação no Prêmio.



Outros capixabas que passaram pelo tapete azul do Jabuti, confira:

Bundo e outros poemas, de Waldo Motta foi indicado ao Prêmio Jabuti de Literatura em 1997.

Danuza, capixaba irmã de Nara Leão, acumulou dois Prêmios Jabuti, com sua autobiografia “Quase Tudo”, publicado em 2005, e com “Danuza Leão fazendo as malas”, livro publicado em 2008.

Bernadette Lyra foi indicada ao prêmio Jabuti em 2007, com o livro de contos “Memórias das Ruínas de Creta”.

Maciel de Aguiar, o escritor capixaba, foi indicado para a final do Prêmio Jabuti, na categoria poesia, pelos quatro volumes do seu "Os anos de chumbo", em 2008.

José Caldas com o livro “Caparaó: A primeira guerrilha contra a ditadura” foi um dos finalistas do Prêmio Jabuti de 2008 na categoria livro-reportagem.

O primeiro Jabuti de crônica da história foi para o capixaba de Cachoeiro Rubem Braga, com o livro “O poeta e outras crônicas de literatura e vida” (em 2018), ele que também levou o prêmio em 2017 com a “Caixa Rubem Braga: Crônicas” quando a categoria ainda era Contos e Crônicas juntos. 

Em 2021 o prêmio Jabuti, na categoria crônicas, foi para o livro “Histórias ao redor” do escritor Flávio Carneiro, um feito inédito para uma editora capixaba com a Cousa.


Os dois livros semifinalistas do Prêmio Jabuti foram resenhados por mim aqui no blog, clique abaixo e conheça-os:



Desejo muito boa sorte aos indicados e uma boa leitura para você que vai lê-los: são dois livraços que valem muito a pena a leitura

Até breve!

sábado, 21 de outubro de 2023

O que é o amor? [RESENHA]

 




Não, você não vai encontrar a resposta neste livro aqui!

Marciel Cordeiro busca despretensiosamente, através de seus contos, mostrar algumas das faces deste sentimento que muitos se perguntam mas poucos descobrem.

“Transamos durante toda a madrugada, como se o mundo fosse acabar pela manhã. Fizemos juras de amor, leituras de poemas e ouvimos um disco do Ed Motta. Por mim tudo bem, um dia o amor acaba e precisamos seguir.” - Pág. 21

Seja um sexo gostoso, uma viagem ou apenas na contemplação de uma cena cotidiana, o amor está lá. Na nossa busca, na espera, no silêncio de uma noite estrelada.

“[…]ali era um ótimo lugar para o esquecimento. Ruas quase desertas, pessoas que caminhavam lentamente, cachorros na praça. Nada ali tinha pressa.” - Pág. 41

No final das contas é um livro para refletir sobre as humanidades, em toda sua completude ou sequidão, nas palavras do próprio autor: “a vida é apenas um ensaio para a morte.“ (Pág. 34)

É um livro curto, com textos rápidos e deliciosos, uma obra cheia de referências históricas, musicais e com reflexões sociais importantíssimas.

É também uma viagem entre Bahia de Jorge Amado e o Espírito Santo de Rubem Braga, com alguns contos ambientados no estado vizinho.

“Sabe, por mais que queiramos ser durões, não estamos imunes aos efeitos colaterais do amor.” - Pág. 84

‘Essa coisa louca chamada amor’ é um livro que vale a pena ser lido, ele desbloqueou minha ressaca literária, me fez rir, refletir e viajar

Dê uma chance e depois me conte o que achou da leitura,

Até breve!

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

1º CONCURSO LITERÁRIO DO COLETIVO DIVERSIDADE LITERÁRIA homenageia a escritora “ANDRESSA PINNA”

 


Andressa Pinna, escritora capixaba que iniciou sua paixão pela arte ainda na infância, quando já vendia poesias na escola, tendo inclusive escrito um livro à mão. Formou-se em serviço social e além de escrever lindos poemas, também escreveu para o público infantil, com quem amava trabalhar! Era uma talentosa Contadora de histórias. Além disso, cantava divinamente e fazia as composições das próprias letras musicais. Andressa ou como ficou conhecida "a menina da janela" encontrava refúgio na arte e incentivava o acesso a arte à toda humanidade, tendo em vista seus inúmeros benefícios. Andressa Pinna nos deixou esse ano e a Literatura e a Arte perdeu um grande talento! 


REGULAMENTO 1. 

Da Realização 1.1 

O coletivo “Diversidade Literária” , torna público o presente regulamento que estabelece as diretrizes para o seu 1º CONCURSO LITERÁRIO “ANDRESSA PINNA”. Este concurso tem como objetivos: estimular, reconhecer e valorizar talentos literários, promovendo a valorização da DIVERSIDADE LITERÁRIA no ES; fomentar literatura; ampliar o acesso da população ao livro e a leitura. ao mesmo tempo em que amplia a divulgação do coletivo e suas contribuições literárias/culturais para a sociedade capixaba. 

2. PARTICIPAÇÃO 

Estão convidados a participar do concurso, de forma gratuita, escritores a partir de 18 anos de idade e residentes no Espírito Santo. 

3. CATEGORIAS 3.1 

Crônicas, Contos e Poemas 

4. INSCRIÇÕES 4.1 

Os interessados devem enviar um único texto inédito ou não, de autoria própria, escrito em língua portuguesa, com extensão máxima de duas laudas (páginas) para o email do Coletivo “Diversidade Literária” coletivodiversidades@hotmail.com .Tema livre. 

4.2 

Não serão aceitos textos que ultrapassem duas laudas (páginas). 

4.3 

O texto deve ser digitado em Word, folha A4, em fonte New Times Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5. O título da obra deverá constar da parte superior da página em negrito. Cabe a cada autor fazer a revisão gramatical do texto para fins de publicação. 

4.4 

Cada Escritor é responsável por seu texto, ou seja, a legalidade do texto literário é de total responsabilidade do autor. 

4.5 

Não serão aceitos textos que contenham conteúdo pejorativo, discriminatório ou que incitem ódio e preconceito, nem palavrões de baixo calão ou eróticos; 

4.6 

As inscrições estarão abertas até às 23h59min (horário de Brasília) do DIA 30 DE OUTUBRO DE 2023, por meio do envio do texto para o e-mail coletivodiversidades@hotmail.com Observação: Além do texto enviar uma foto meio corpo, escrever o nome completo e o nome artístico, contato telefônico e uma minibiografia (até 15 linhas).

5. COMISSÃO JULGADORA 

5.1 

Os textos serão avaliados por Escritores do Coletivo Diversidade Literária, especialistas em Literatura e em Língua Portuguesa. 

6. RESULTADOS 

6.1 

Os resultados do concurso (lista dos autores selecionados) serão anunciados pelas redes sociais do Coletivo Diversidade Literária: Email: coletivodiversidades@hotmail.com Instagram: @coletivodiversidadees Canal no YouTube: @diversidadeliteraria8625 

6.2 

Os textos serão publicados numa Antologia e haverá uma cerimônia de lançamento cuja data e horário serão oportunamente divulgados nas redes sociais do Coletivo Diversidade Literária. 

7. PREMIAÇÃO 

7.1 

Troféu e Certificados, para os 1º lugares de cada categoria, Placa e certificados para os 2º lugares de cada categoria e Medalhas e certificados para os 3º lugares de cada categoria. Haverá Menções Honrosas para os textos classificados da 4ª a 10ª colocação de cada categoria. 

7.2 

A revelação dos premiados e premiação será feita no lançamento da Antologia 

8. DISPOSIÇÕES FINAIS 

8.1 

Eventuais dúvidas podem ser esclarecidas por meio do telefone (27)999250985, Advanir Rosa, proponente do coletivo diversidade literária. Ao realizar a inscrição, os participantes expressam sua plena concordância com as disposições deste regulamento, autorizando a divulgação e publicação de seus nomes e trabalhos inscritos, por tempo indeterminado, sem qualquer ônus para os organizadores deste concurso.